sexta-feira, 29 de junho de 2018

As crianças precisam de colo

É uma verdade que todos sabemos e sentimos: todas as crianças precisam de colo, carinhos e acompanhamento. Um dos suportes deste acompanhamento é na nossa sociedade, a Família. Mas cada vez é mais difícil constituir Família e mantê-la.
Apesar dos muitos discursos e estatísticas difundidos por responsáveis continua a haver falta de empregos estáveis, ordenados correspondentes às responsabilidades e horários humanizados. E estas situações atrasam cada vez mais a decisão de jovens de constituir Família e, depois, terem os filhos que tantos anseiam e que tanto tardam.
E quando é minimamente possível constituir Família – muitas vezes com ajuda de Pais, avós e outros familiares – os horários extenuantes que têm de cumprir prejudicam as crianças que se vêem privadas de um colinho disponível para, sem pressas, irem contando o que aprenderam em mais um dia de vida e ouvirem as historias lidas pelos Pais, as memórias e as regras de bons comportamentos que devem ter para serem os filhos mais bem educados da comunidade.
E afinal era, ou melhor, é possível dar um colinho às nossas crianças se as leis e regras do nosso País tivessem em conta as gentes que aqui vivem.
Agora até parece que começaram a acordar para a necessidade de se fixar as gentes nas suas terras principalmente no interior mas, entretanto, continuam a fechar serviços obrigando algumas famílias a deslocarem os seus idosos para as suas casas pela impossibilidade de os acompanharem em terras desertas. E tarda a fixação de gentes lá e acontece uma sobrecarga cá não dando espaço aos jovens de começarem uma família mais cedo.
Muitas vezes, com muita audácia, os jovens atiram-se para a Vida quando encontram um emprego e um parceiro. Depois é uma luta para manter a ocupação que tarda em estabilizar e estabelecerem-se numa casa. Depois tentam os filhos, uma alegria para os respectivos pais que se tornam avós.
Depois… depois os horários acrescidos das obrigações de horas extras (muitas vezes não pagas) levam os pais a chegarem tarde, tão cansados que só se conseguem arrastar para uns beijinhos apressados, tarefas de casa sem tempo para se sentarem e dar o colinho aos seus filhos.
E sem filhos, sem crianças o nosso país está nas piores estatísticas da Europa em que o número de idosos aumenta e o número de jovens diminuem e acordam as autoridades divulgando números, promovendo estudos para se visualizar o futuro e doutas cabeças dão conferências para informarem o que todos sabemos: há falta de crianças!    
E afinal isto pode facilmente ser revertido: basta investirem em empregos estáveis, horários humanizados para que os jovens se aventurem a disponibilizarem um colinho para as suas crianças.

Maria Clotilde Moreira
 

1 comentário:

  1. Apesar de não poder responder aos comentários, penso que a amiga Clotilde pode, pelo menos, lê-los. E se não poder, pode, quem aqui publica directamente ( La Palisse não diria melhor. Não é verdade?) . Esta nossa velha amiga ( uma das co-autoras de " Os Leitores também Escrevem"), costuma publicar aqui retratos muito reais da nossa sociedade. Este é um deles. E é dedicado ao problema da baixa natalidade. Diz ela, no ultimo parágrafo, que "isto pode facilmente ser revertido". Acha mesmo, amiga? Se é assim, porque não se reverte? Como ela não pode responder, falo eu, mas, ao contrário dela, no condicional. Seria!...

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