Grande levantamento cívico

As ruas das principais cidades espanholas foram tomadas por uma multidão indignada, pela decisão da Justiça de libertar os cinco patifes, dois deles de condição militar, após recurso da pena de nove anos – que já tinha sido considerada muito leve - a que tinham sido condenados, por violação em grupo de uma rapariga, numa “farra” em que até se deram ao luxo de filmar as tristes cenas.

Sabendo que todos os elementos, com menos de trinta anos, que se intitulavam “la Manada”, tinham antecedentes de mau comportamento cívico, as pessoas temem que gente de tal calibre possa reincidir, embora a liberdadade agora concedida seja condicional, até decisão definitiva do recurso.

Tal como aqui também acontece, a Justiça espanhola vê-se escrutinada pelas populações, quando as suas decisões são incompreensíveis, e esse é um movimento cívico da maior importância para que as coisas que estão mal possam ser alteradas, havendo já no Parlamento espanhol unanimidade para alterar a lei, pois parece que todos vêem justificada a revolta das gentes.

Para maior indignação, as pessoas ainda tiveram de ouvir, por um lado os familiares dos malandrins, que se prestaram a pagar a fiança, que quem agora devia ir para a cadeia era a rapariga; por outro a explicação do tribunal para a decisão que tomou, fundamentando-a na “certeza” de que, como a  imagem do bando já foi muito divulgada e são todos insolventes, nem vão poder saír do país, por falta de dinheiro, nem repetir aqueles bárbaros  actos ...

Amândio G. Martins