quarta-feira, 3 de outubro de 2018

A PRAXE FASCISTA

A agressão de dois alunos de Ciências Biomédicas da Universidade da Beira Interior (UBI), algures na serra da Estrela, veio revelar a existência, há pelo menos 11 anos, de um ritual exercido por uma "irmandade" que vai muito além dos limites do código definido pela universidade. De acordo com uma estudante da Faculdade de Ciências da Saúde, o grupo é constituído por actuais e antigos alunos de Ciências Biomédicas. "Obrigam os caloiros a despir-se e batem-lhes até com pás da construção civil quando não respondem certo às perguntas que lhes fazem", conta a estudante.
Que barbaridade. Ao abrigo da praxe, praticam-se actos criminosos e nazis. Mas é preciso dizer que a própria praxe, e nós sempre nos batemos contra ela, é em si mesma uma estupidez e algo de extremamente reaccionário. Desde logo porque se estabelece uma divisão classista entre "veteranos", "doutores" e "caloiros", como se uns tivessem mais direitos do que os outros, como se uns estivessem às ordens dos outros. A pretexto de uma pretensa integração, os "caloiros" são obrigados a brincadeiras ridículas ou então a autênticos atropelos à dignidade humana, como já se viu, só porque entram na Faculdade numa posição de fragilidade. Essa lógica da manada, do rebanho leva a que esses mesmos "caloiros", muitas vezes, no ano seguinte, praxem os novos estudantes do 1º ano. No fundo, está aqui presente uma grande mesquinhez.

2 comentários:

  1. É incrível como essa bestialidade ainda se vai mantendo; mas eu creio que, se não houvesse tantos "praxados" masoquistas, que gostam mesmo daquilo, a ditadura dos "doutores" já tinha acabado há muito...

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