segunda-feira, 31 de outubro de 2022

 VAI BRASIL! NÃO OLHES PARA TRÁS


Vai Brasil! Levanta-te! Sacode o obscurantismo com que te querem manietar. Olha pelos milhões dos teus filhos que têm fome. Olha pela Amazónia. Tu, nós, o mundo, precisamos dela.

Vai gigante! Torna-te mais justo e serás um exemplo para essa América Latina que tem sido apenas de alguns e quintal das traseiras para os outros que a querem dominar.

Canta e dança agora com essa alegria que só tu tens. Depois olha pelo teu povo e pelo imenso, lindo e  rico país que és.

Vai Brasil! Torna-te melhor, e melhor ficará o mundo.

Francisco Ramalho


Esperemos que volte a decência

 

 OPERÁRIO/PRESIDENTE

 

Uma vida de luta dedicado

A empoderar um povo que sofria

Na oligarquia que o oprimia

Vivendo do suor do explorado.

 

O sonho há-de ser continuado

Para dar àquele povo nova via

Como no tempo em que mais progredia

Por ter um presidente do seu lado.

 

Enxota brasileiro a má sorte

De ver aquele que te fez mais forte

Enxovalhado em sinistra trama;

 

E combate o processo falseado

Que fez um homem bom tão maltratado

Até por muitos que tirou da lama...

 

Nota – Quando Lula foi preso, como resultado duma tramóia urdida por juízes à procura de notoriedade, para o que subverteram as mais elementares regras, passei para aqui o “soneto” acima estampado; mais tarde, juntei-o a mais uns cento e tal compilados para um livreco que saíu há cerca de um ano. Como não poderia imaginar que o “sonho” iria ser continuado pelo próprio injuriado, repito aqui os catorze versos, com uma ligeira alteração no primeiro.

Não sei se aqueles que, usando Cristo como arma eleitoral, o “recrucificam” a toda a hora, irão saber comportar-se como mandam as regras da democracia, mas esperemos que sim...

 

Amândio G. Martins

sábado, 29 de outubro de 2022

"Sai-te vareja"

 

A figura daquele famigerado Coelho anda sorrateiramente a ser “desenterrada”, com ele aparecendo aqui e ali, fazendo-se caro nas palavras, “como quem não quer nada querendo”, espécie de “reserva da República”; de facto, para além dos que nunca deixaram de o fazer, aparecem outros a relembrar a sua “obra”, que os incompetentes governantes actuais terão desbaratado ingloriamente.

 

A pretexto do Orçamento ainda em discussão, apontam o dito cujo de estar a fazer escola, como se fosse grande a similitude de processos entre aquele e os actuais governantes, só porque estes insistem na importância das contas certas; toda a gente que não faz política politiqueira sabe da importância de não deixar derrapar a dívida, mas à Direita, que presume de ser essa a sua marca de água, não convém nada ver a Esquerda que governa preocupada com isso, “baptizando” com a sua mais genuína marca, que é “austeridade” contra os que menos têm, as contas dos outros, querendo vê-los gastar à tripa-forra para não perderem “legitimidade” para os estafados argumentos de não sei quantas bancarrotas...

 

Amândio G. Martins

 

 

 

 

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

 O BRASIL MERECE MELHOR


Durante o mandato de Bolsonaro, cem milhões de brasileiros, atingiram o limiar da pobreza. Desses cem milhões, 33 milhões deles, passam mesmo fome. A delinquência subiu em flecha, a Amazónia, o pulmão da terra, foi devastada em milhões de hectares, a pandemia, foi por ele desvalorizada, considerando-a uma “gripezinha” nunca a combatendo, o que custou mais de um milhão de mortos ao seu povo.

Bolsonaro é a imagem da ignorância, da boçalidade, do obscurantismo religioso, de anti-natura.

Lula da Silva, não acabou com a corrupção? É verdade. Num país imenso e onde ela é endémica, seria um milagre. Mas, fez por isso. Ao tirar milhões de compatriotas seus da miséria absoluta, ao dar a todos, pelo menos, como ele dizia, “o café da manhã” (o pequeno almoço), já nivelou alguma coisa as gritantes assimetrias sociais. Já combateu um pouco a corrupção. E esse combate, claro que não se ficou por aí. E não tenhamos dúvidas, porque se trata de um homem sério, que esse combate irá prosseguir se for eleito.

Além disso, o antigo operário e sindicalista, projetou o Brasil na cena internacional como grande potência.

No próximo domingo, o povo brasileiro, tem duas opções: contribuir para que o seu grande país continue como um gigante à deriva servindo de escárnio nas bocas do mundo, ou que comece a erguer-se com toda a dignidade de um gigante. E, para bem do seu povo, da América Latina e deste mundo tão incerto, ocupe o lugar que merece.

Francisco Ramalho



quinta-feira, 27 de outubro de 2022

VALE DE FRADES


Pela primeira vez na sua história, o nome desta aldeia transmontana foi várias vezes pronunciado por um primeiro ministro. Que teve dificuldade em acertar no nome, de tão incógnito que o lugar é, Valprado, Vilar de Frades, etc. Lugar de agricultores, contrabandistas e guarda fiscais enquanto a fronteira era também económica, Vale de Frades já teve perto de 800 habitantes e agora terá 70, com uma média de idade elevadíssima, pelas razões que todos conhecemos. Terra dura e clima ainda mais severo, resta-lhe o encanto bucólico de uma ruralidade certamente não desejada pelos seus naturais.

Pois até esse último trunfo, subproduto de um desenvolvimento sustentado que nunca chegou, está prestes a ser-lhe subtraído, porque teve o azar de ficar no traçado do gasoduto Celorico - Zamora.

Seguir-se-á um cortejo de indemnizações a preços irrisórios, porque irrelevante é a sua economia e o correspondente valor dos seus activos. Mas definitivos serão os estragos na magnífica paisagem do lugar, onde seculares carvalhos e freixos serão substituídos por equipamentos de apoio ao gasoduto.

Quem paga isso a Vale de Frades? Terão sequer direito a gás de cidade grátis? Duvido? Aliás já serão muito poucos os residentes que lá estarão para o queimar!

Texto editado no Público de 26.10.2022, com as reduções habituais.


Sou meio transmontano pelo meu pai que, embora não fosse da zona de Vale de Frades, se deixou encantar pelo lugar. E foi pela mão dele que comecei a calcorrear a região e travei seguros laços de amizade com as pessoas. Amizade que já leva mais do que uma geração. Fui por isso testemunha de 50 anos de abandono que levaram à irrelevância das actividades agrícolas e uma radical redução da população residente.

Nas ruas impera o silêncio dos que já lá não estão e nos campos uma paz e harmonia prestes a ser interrompida pelo camartelo do "progresso". Que teima em deixar em Vale de Frades apenas a sua face negra.


Sem guarda-costas

 

BRIGÃO

 

Propendia para arranjar conflitos

Mal habituado a ter ajuda

Mas um dia o companheiro recusa

Tão saturado daqueles atritos.

 

Ao ver o aventureiro aos gritos

Causticado com bordoada dura

Fê-lo pagar o custo da aventura

Que apelasse ao “Senhor dos Aflitos”...

 

Ao sentir-se meio recuperado

Embora ainda muito abalado

Reclamou do amigo a atitude;

 

Que concordou não ter sido bonito

Abandonar um amigo aflito

Mas que lhe fez muito bem à saúde...

 

Amândio G. Martins

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Devem andar aziumados

 

Os chenófobos que abominam migrações, temendo ser contaminados por povos de diferentes raças e culturas, que destilam ódio contra a convivência pacífica entre raças, cujas alarvidades parecem conquistar cada vez mais seguidores um pouco por todo lado, em especial na Europa e desgraçadamente também em Portugal, devem estar a roer-se de raiva, ao verem ascender ao posto de primeiro-ministro britânico um filho de indianos para ali imigrados, como nós também temos um cujo pai proveio do mesmo lado do mundo.

 

Ainda para mais um que, movendo-se embora entre as elites mais poderosas do país, membro dum partido que alberga tudo quanto há de mais conservador, não renega nada da cultura dos seus ancestrais; desejo-lhe toda a sorte que, para além da competência, vai precisar para pôr nos carris uma economia à procura do rumo que claramente perdeu, mais pela saída da Comunidade Europeia do que pelos efeitos da pandemia e da guerra, que todo o mundo afectam...

 

Amândio G. Martins

terça-feira, 25 de outubro de 2022

O mundial de futebol já está muito manchado...

A «festa mundial» do campeonato de futebol terá lugar, nem daqui a um mês, no Catar. Lá construíram-se de raiz vários estádios com o trabalho operário de, sobretudo imigrantes asiáticos sujeitos a condições desumanas de semi-escravatura. Números reais, não oficiais, afiançam terem morrido em acidentes de trabalho - aproximadamente 7 000 operários! Há muitos, muitos trabalhadores com salários em atraso e outros que nem chegam a ver a cor do dinheiro... some-se a recusa em lhes concederem dias de descanso semanal e os que recebem salário têm dificuldade em viver. A Amnistia Internacional reclama, e muito bem, uma soma de 433 milhões de euros para um fundo que se destina a apoiar as famílias dos operários que morreram e de tantos que ficaram marcados por acidentes de trabalho. A Federação Internacional de Futebol (FIFA), arrecadará pelas receitas deste torneio cerca de 6 mil milhões de euros!, tendo a obrigação mais do que moral em contribuir para com aquele fundo solidário. O presidente da FIFA teve o deplorável cinismo de desvalorizar aqueles milhares de mortos(!). Os desgraçados (sem ofensa) trabalhadores são obrigados a pedir autorização ao patrão para mudar de emprego ou sair do país. A sua vinculação contratual é semi-esclavagista. O Catar também é um país de escravocratas. Desde novo que gosto de ver futebol e joguei, mas não posso compactuar nem pelo visionamento à distância dos jogos transmitidos pela televisão. Seria aviltante, ver estádios onde se realizam os jogos, sabendo que se encontram manchados de sangue! Vítor Colaço Santos

 UM PISCO NO MEU QUINTAL


Durante dois ou três dias da semana passada, andou um pisco no meu quintal. Mais precisamente, um pisco-de-asa-branca, também conhecido por taralhão. Antigamente, vinham aos milhares. Assim como piscos-de-papo-amarelo e outras espécies migratórias. De ano para ano, cada vez têm vindo menos. Por isso, senti um misto de nostalgia e apreensão ao ver a avezinha, tão comum nesta época do ano, nos meus tempos de infância, no Zambujal de Sesimbra.

Era o tempo em que as estações do ano estavam bem demarcadas. No princípio deste mês, começava a escola, o tempo a arrefecer e as primeiras chuvas. Era sempre assim. Agora, como sabemos, não é. Chove repentina e torrencialmente, ou está semanas ou meses sem cair uma pinga de água. Portanto, são as preocupantes alterações climáticas. E daí, a passarada de arribação já quase não vir, e outros fenómenos cíclicos da Natureza que se vão quebrando.

São os efeitos da poluição. E o que é que se faz para evitá-la? Zero! Melhor, agrava-se.

E somos “forçados” a falar da guerra. Desta maldita guerra que já tanto mal provocou e que poderá provocar bem mais.

São gasodutos, oleodutos, pontes que se rebentam, e até centrais nucleares em perigo de o serem, e depois, como diz o Fausto, a guerra é a guerra, retaliações e mais retaliações. É uma perigosíssima espiral alimentada por protagonistas exteriores com mais armas e cada vez mais sofisticadas. Até onde poderá chegar? Nunca se falou e temeu tanto esse pesadelo que é o nuclear. Até agora, como se sabe, apenas usado duas vezes por um dos dois principais protagonistas.

Portanto, a guerra, para além da morte e destruição, provoca também mais poluição e agrava a alteração do clima com as consequências já referidas e outras.

Não queria voltar a maçar os caros leitores com as suas origens, mas, perante a avalanche tendenciosa da comunicação social dominante que aponta o dedo apenas num sentido, voltar a lembrar que os acordos de Minsk sobre a desde há muito massacrada região do Dombasse que não foram cumpridos e, como diz o Papa Francisco, a NATO a ladrar às portas da Rússia e, presentemente, em vez de conversações, os interesses do complexo militar industrial dos EUA, falam mais alto. E a União Europeia e o Reino Unido, deixam-se arrastar, alimentando o conflito e prejudicando os povos.

É fundamental um compromisso. Não são questões ideológicas que estão em causa. Dos dois lados, é o capitalismo que impera. Nos EUA, na Ucrânia, na Rússia, são os oligarcas que ditam as leis. E os primeiros, há muito que almejam a hegemonia global. Aí estão as guerras da Jugoslávia, do Afeganistão, do Iraque, da Síria, da Líbia, e esta, a prová-lo.

Claro que lamentamos todas as vítimas. Mas quando os vemos também a fazê-lo pelo povo ucraniano, quando o seus aliados, Israel e Arábia Saudita, massacram o povo palestiniano e o iemenita, respetivamente, e quando no Iraque, só devido às sanções impostas, calcula-se que tenham morrido 500 mil crianças, não será uma imensa hipocrisia?

Francisco Ramalho


Publicado hoje no jornal "O Setubalense"






Da impotência das democracias

 

Os países ocidentais deixaram-se aprisionar em tais dependências daqueles onde se perpectuam regimes despóticos, contribuindo para a sua “normalização", que agora, por muito que torçam as orelhas, não há como não pagarmos uma pesada factura porque, mesmo que queiram inverter a situação, os “vícios” de toda a ordem já cimentados impedem fazê-lo com a celeridade que os faça atenuar a sua arrogância.

 

O todo poderoso líder chinês, a quem o facínora russo chama “meu querido amigo”, acaba de se ver “entronizado” afirmando, no discurso de encerramento daquele ritual, que a China precisa do mundo, mas o mundo também não pode passar sem a China; um pouco antes, e sem o esconder da comunidade internacional, viram-se dois sujeitos retirar da mesa da frente, nítidamente contra vontade deste, o homem que já tinha ocupado o lugar cimeiro, num gesto de clara e intencional humilhação, se calhar por ter mostrado reticências contra a inusitada recondução para um terceiro mandato.

 

Entretanto, em  mais um debate de apoio às atrocidades cometidas pelos russos na Ucrânia – debates contra aquela desgraça são impossíveis -  foi possível ouvir o próprio director do canal de TV onde tal ocorria dizer que "as crianças ucranianas deveriam já ter sido todas queimadas" – e teriam ido para a Ucrânia expulsar os nazis!... A notícia acrescenta que o patife tinha sido suspenso mas, se calhar, foi para o levarem à presença do ditador, para ser condecorado e promovido a ministro de qualquer coisa...

 

Amândio G. Martins

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

 RECEITA LIBERAL

Fomos recentemente surpreendidos com os resultados práticos de um "choque fiscal". 

Se é que entendi bem, a receita é a seguinte: alivia-se de forma radical os impostos cobrados às empresas e particulares com maiores lucros/rendimentos e estes irão reinvestir na economia os excedentes assim proporcionados, criando mais riqueza e empregos, numa espiral virtuosa.

Assim quis fazer Liz Truss, PM britânica. Mas foi surpreendida pelos mercados financeiros, que na expectativa de um crescimento exponencial do recurso ao endividamento do Estado, para suprir as receitas fiscais de que abdicou, reagiram de imediato aumentando as taxas de juro. De tal forma que até o insuspeito FMI recomendou ao governo britânico que desistisse de aplicar esta receita. E já sabemos o que aconteceu, o ministro das finanças caiu, já foi anunciado o recuo quase total nestas medidas e a própria PM parece estar a prazo (já houve os desenvolvimentos que todos conhecemos). Afinal aquela é a terra do Robin dos Bosques, não é? Tirar algum aos ricos para dar aos pobres.

Este texto foi publicado no Público de 21.10.2022, com algumas sempre irritantes alterações. Enfim, o jornal é deles, mas os textos são nossos, às vezes preferia que não os publicassem a fazerem alguns cortes e alterações que quase os descaracterizam. Não foi este o caso mas já aconteceu.

Mas queria continuar a glosar este tema dos neoliberais da política e economia, desta feita em Portugal. Ouvi ontem o "dandy" liberal português, J C Figueiredo, a explicar laboriosamente porque se retira da liderança do partido. Assunto que me entrou a cem e saiu a duzentos porque o que os políticos fazem ou deixam de fazer dentro dos seus partidos é pró lado que durmo melhor.

Não me escapou foi o tempo que se demorou na explicação das virtudes dos liberais, desprendidos dos cargos, grandes argumentadores até à exaustão se necessário, argutos de inteligência e com um fino sentido de humor. Enfim, uns "gentlemen" da política. 

Até aqui tudo bem, acontece que ao ouvir tudo aquilo não pude deixar de me sentir uma cobaia encerrada num laboratório onde esta gente vai fazendo experiências neoliberais com a minha pensão de reforma, a ver o que resulta melhor. Foi o que se viu em Inglaterra!! Será que as pessoas cá conseguiram relacionar as coisas?

"Memórias de Adriano", o democrata-cristão


A morte de Adriano Moreira veio relembrar-me alguns conceitos, infelizmente adulterados pelos tempos. Antes de mais, por óbvias razões, a ideologia democrata-cristã. Mas também a social-democracia, o socialismo e o comunismo. De ideários que eram, tornaram-se rótulos desprovidos de conteúdo. 

Enquanto a Europa manteve, na sua matriz político-partidária, alguma justaposição com aquele universo, pôde invocar o seu papel de guia no panorama mundial. Convertida à “tirania” dos poderes económico-financeiros, perdeu-o.    

Algures pelos finais da década de 70, começaram a emergir novas correntes de pensamento, hoje dominantes, que viriam a alterar o statu quo até aí vigente. Para além da drástica alteração no “equilíbrio” das relações Trabalho-Capital desde o pós-guerra, cedo se verificou o progressivo despojamento conceptual das quatro tendências assinaladas. Creio mesmo que, na Europa (talvez em Portugal o fenómeno se torne particularmente mais visível), nenhum dos partidos que ostenta no seu título algum daqueles distintivos, faz jus, no seu actual ideário, às convicções fundacionais. Na actualidade, podem-se auto-denominar democratas-cristãos, sociais-democratas, socialistas ou comunistas, mas todos perderam a ligação aos princípios-base fundacionais. Pergunte-se aos políticos e aos eleitores mais jovens quais os significados daquelas ideologias, e não tenho dúvidas de que muitos os desconhecerão, ou, no máximo, darão respostas disparatadas. 

Tenho particular respeito pela figura de Adriano Moreira. Como por Sá Carneiro, Mário Soares e Álvaro Cunhal, sem esquecer Freitas do Amaral. Não se trata aqui de saudosismo, ou de desvalorizar a qualidade política da população jovem, mas de constatar que o panorama ideológico da actualidade possui frágil sustentação política. Entretanto, assistimos à permanente adesão a novos padrões partidários, minados pelo sectarismo e pelos interesses, individuais ou dos “grupos” a que se julga pertencer. Possa a memória de Adriano Moreira contribuir para atalhar a tanta incoerência.


Nota: este post foi inicialmente publicado sob o título "Adriano Moreira, cristão-democrata"; peço compreensão pela alteração agora registada.

domingo, 23 de outubro de 2022

Homenageado no "Caminho de Santiago"

 

 

 

A UM NOTÁVEL LIMIANO

(Amândio de Sousa Vieira)

 

Notável poeta da fotografia

A escrita também conta consigo

Pela sua terra comprometido

Com muito empenho e sabedoria.

 

Não abunda quem lhe faça companhia

Fazendo o que somos apetecido

Sabendo de cada pedra o sentido

Onde cada cantinho nos desafia...

 

Mantenha-se na vontade a firmeza

Revelando toda a nossa beleza

Para que não nos baste ser só nossa;

 

Recusemos sempre o egocentrismo

Saibamos promover o bom turismo

Com toda a qualidade que se possa...

 

Amândio G. Martins

 

 

sábado, 22 de outubro de 2022

 PARABÉNS JUCA CHAVES



Faz hoje 84 anos.
Brilhou ao mais alto nível durante décadas como músico e humorista.
Recordo aqui, uma das suas "pérolas":
                                           Um homem, num gesto de cavalheirismo, abeira-se duma mãe que amparava a filha que vomitava junto à berma da estrada:
                                            - foi comida, minha senhora?
                                            A senhora, um pouco irritada:
                                            - foi sim, mas casa na semana que vem.




Take Me Back To Piauí, é uma das minhas preferidas.
    




                                    


José Valdigem

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Orçamento do Estado - 2023 (OE23) e seus (d)efeitos

É, em relevante parte, à custa da classe média, dos trabalhadores em geral, dos reformados e pensionistas, que o OE23 apresenta «contas certas», controle do défice e diminuição da dívida, que no dizer de economistas reputados - é mais privada do que pública. Na actualização de salários e pensões, as contas do executivo são baseadas numa ilusória inflação de 4% em 2023 e 2% em 2024(!). O «brilharete», pelos resultados, em sede de concertação social, com o aplauso das confederações patronais foi, também, um bodo às grandes empresas, beneficiando-as fiscalmente e diminuindo-lhes a taxa do IRC. Este OE23 é uma variante troikista com anestesia local... onde o SNS ficará para trás, atendendo que o negócio privado da doença é presenteado com 1,7 mil milhões de euros(!). Não se taxam os lucros excessivos oriundos da especulação dos preços de bens alimentares. O empobrecimento dos mais vulneráveis está aí e nem «o» rebuçado de meia pensão e os 125 euros vão mitigar, a enorme dificuldade em aceder ao essencial. Os 125 euros são uma ninharia assistencialista. Os altíssimos níveis de pobreza são uma chaga social, que cresce... indigna-nos, ao mesmo tempo, as subvenções vitalícias, que atingem remunerações pornográficas. Portugal é rico! Para poucochinhos... enquanto a pobreza é atirada para as margens da caridade, os mais ricos estão ainda mais endinheirados. Em suma: agrava-se a exploração e concentra-se a riqueza. Diminuição da dívida, do défice e «contas certas» muito, muito à frente das pessoas... esta é uma sociedade (des)governada em regime absoluto por um partido que diz, enganosamente, ser: «socialista».

 O CÚMULO DA HIPOCRISIA


Os instigadores da guerra na Ucrânia, os seus vassalos e a sua comunicação social, atingiram o cúmulo da hipocrisia.

Omitem todos os antecedentes, todos os pretextos que criaram para que a guerra acontecesse e se intensificasse, participam nela através da NATO e individualmente sob o comando dos EUA, dezenas de Estados. E agora, quais pudicas virgens ofendidas, ficam todos escandalizados por alegadamente ou não, a Rússia ter comprado armas, e tê-las utilizado.

Destroem pontes importantíssimas e o principal gasoduto que abastecia grande parte da Europa, é a guerra, não dizem mas dizemos nós, e depois, mais uma vez, armados em anjinhos, chamam terrorismo à natural riposta.

E a Europa, estupidamente, paga as favas. O ministro da economia da Alemanha queixa-se dos “preços astronómicos” do gás americano. E o seu homólogo de França, concretiza, ao afirmar que o mesmo é vendido a quatro vezes o preço que cobram a empresas dos EUA e vai mais longe: “ não é aceitável que permitamos que o conflito na Ucrânia se salde por uma dominação económica americana e um enfraquecimento europeu” (bfmtv.com, 11.10.22).

Pois é, os senhores Robert Habeck e Bruno Le Maire, têm razão. Mas, a subordinação dos governos de que fazem parte, assim o dita.

Aqui, já há gente, sobretudo idosos, a “roubarem” comida nos supermercados, porque as necessidades e a fome, assim os obriga. Entretanto, enviam-se helicópteros de fabrico e comprados à Rússia (uma dupla provocação) para a Ucrânia. Assim como se vai dar instrução à soldadesca da marioneta que promove a heróis nacionais, criminosos de guerra nazis, colaboradores de Hitler, como Stepan Bandera, que cala quem dele discorda (11 partidos), e a quem trazem ao colo e uma câmara de televisão e microfone sempre à frente. Os mesmos que cá (e lá fora), alguns deles, mentindo vergonhosamente, viram na Manifestação da CGTP com milhares que encheram as ruas e o Rossio, apenas “algumas centenas”.

Tudo isto, em vez de conversações sérias, baseadas nos tais antecedentes e pretextos criados, acima referidos, para que haja paz e um recíproco relacionamento em todos os aspetos, conveniente e vantajoso, entre todos os Estados da Europa e do mundo.

Mas, não! Os interesses que o senhor Biden representa, falam mais alto. E a UE, docilmente, aceita.

A terminar, dizer que os efeitos deste massacre mediático absolutamente tendencioso, porventura, leva mesmo à animosidade ou quase, entre amigos e até familiares. Compreendemos. Mas, a seriedade e a potencial gravidade da situação, impõe-se que quem decidir não ficar calado, não fique, e que nos respeitemos mutuamente.

Francisco Ramalho.










Haja quem nos proteja dos falsos protectores

 

Começa a ser assustador o número de casos que envolvem elementos das forças de segurança em falcatruas de todo o tipo; de facto, sendo a função destas forças proteger os cidadãos das acções dos criminosos, é perturbador verificar que os criminosos podem estar dissimulados com fardas de autoridade policial, levando as pessoas que querem burlar a colaborar com eles na burla de que são vítimas.

 

Lê-se no JN que dois elementos da GNR, um homem e uma mulher, do programa “Idosos em Segurança”, criado para acompanhar pessoas que vivem sozinhas e protegê-las da malandragem, eles próprios burlaram uma senhora de 81 anos, em Bragança, em muitas centenas de milhares de euros, numa acção em que o elemento feminino da guarda, conseguindo a confiança da senhora que pretensamente ajudava, surripiou-lhe um cheque gordo, com o pretexto de lhe comprar um apartamento no Porto, para poder alojar-se quando precisasse de se deslocar a tratamentos. Todavia, não só não comprou apartamento nenhum, apoderando-se daquela quantia, como ainda se fez titular duma conta a prazo onde a reformada tinha muito dinheiro.

 

Segundo o JN, um irmão da idosa burlada tentou recuperar os valores extorquidos; não o tendo conseguido, apresentou queixa à entidade competente, de que resultou já estar o Comando Geral da Guarda a investigar. Oxalá possamos vir  a ter o esclarecimento total deste caso, que por agora se apresenta muito feio...

 

Amândio G. Martins

Ao sabor dos tempos


Há pouco tempo, ninguém imaginaria ver partidos “verdes”, na Europa, a entregarem-se de alma e coração aos “benefícios” do nuclear. Pois agora, parece moda. O alemão já apoia abertamente o prolongamento da vida útil das centrais nucleares, e, na Finlândia, “Os Verdes”, em nome da defesa do ambiente, passou a advogar a “bondade” da energia nuclear. De um ponto de vista científico, não tenho qualquer autoridade para me pronunciar sobre o assunto. O que não posso deixar de relevar é que, quando ouvíamos a Rosalinda, do Fausto, e a Lena de Água a sussurrar-nos “nuclear não, obrigado”, devíamos andar todos redondamente enganados, coisa que, de resto, não me preocupa por aí além. O que me apavora mesmo é se estamos a cair em novo engano, porque, com o nuclear, ninguém brinca.


Expresso - 21.10.2022, amputado das partes sublinhadas. Nota: será que o Expresso me reconhece, sabe-se lá porquê, alguma autoridade na matéria?


quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Desconcerto salarial


Não era preciso que comentadores como João Miguel Tavares ou Francisco Mendes da Silva nos viessem demonstrar, no PÚBLICO, como o PS se encosta deliberadamente à direita do nosso espectro político. Para constatar tal evidência, bastar-nos-ia contemplar o regozijo patente em alguns círculos por ocasião da celebração do acordo de concertação social até 2026, com os patrões e alguns sindicatos, ou antecipar os efeitos reais e inevitáveis (não os propagandeados pelos ministros) das medidas do Orçamento do Estado proposto para 2023. Pós-pandemia, guerra e inflação são papões suficientes para que todas as trombetas do “bom-senso” nos martelem os ouvidos com os perigos que nos espreitam. Logo, para que o nervosismo dos “mercados” não faça disparar os juros, o melhor, dizem “eles”, é conter salários e pensões, quanto mais não seja para evitar uma espiral inflacionista, em que nem todos acreditam, como nos explicou Teixeira dos Santos, em entrevista ao PÚBLICO, em 24 de Setembro. De facto, a inflação continua imparável, e não há notícias de que os seus causadores tenham sido os (inexistentes) aumentos de salários nos sectores produtivos.


terça-feira, 18 de outubro de 2022

 UM RIO DE ESPERANÇA


A dimensão da manifestação do passado sábado em Lisboa, convocada pela CGTP, deve ter surpreendido muita gente.

Partindo do Cais do Sodré pouco depois das 15 horas, transformou a Rua do Arsenal e a Rua do Ouro, num rio caudaloso e vibrante, num rio de esperança, desaguando durante mais de duas horas no Rossio.

Para quem pensasse que os trabalhadores e o povo em geral, estavam anestesiados com o discurso do Governo PS e da direta, que o brutal aumento do custo de vida se deve à guerra e que não há nada a fazer enquanto durar, enganou-se redondamente.

Claro que os trabalhadores e o povo condenam a guerra. Por isso, a par de diversas palavras de ordem como, por exemplo, O Custo de Vida Aumenta o Povo não Aguenta, Precariedade Não! Estabilidade Sim!, Para os Patrões são Milhões para os Salários Nem Tostões!, Não Podemos Aceitar Empobrecer a Trabalhar, mais uma vez entoaram bem alto, Paz Sim Guerra Não!

Mas a guerra já alguma vez interessou ao povo? Interessa sim, aos fabricantes de armas e aos países que pretendem alargar o seu domínio. No caso concreto da guerra na Ucrânia, interessa, sobretudo, ao complexo militar industrial dos EUA e a este país. É verdade que a mesma intensificou-se com a invasão. Mas, e os antecedentes? Os interesses do povo das regiões onde ela já durava há anos com um custo de 15 mil mortos, não contam? E a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), pode expandir-se para onde quiser e ameaçar quem não obedeça a quem nela manda?

Por isso, os milhares de manifestantes em Lisboa e no Porto, gritaram bem alto, Paz Sim Guerra Não!

Por isso, o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), sob o lema “Os povos querem paz, não o que a guerra traz”, já marcou mais duas manifestações para os próximos dias 26 e 27, em Lisboa e no Porto, respetivamente, porque “ diversos conflitos, como na Palestina, no Sara Ocidental, na Síria, no Iémen ou na Ucrânia, agravam-se com trágicas consequências”.

O CPPC, defende que a diplomacia e os princípios do Direito Internacional substituam a ingerência externa, a corrida armamentista, a ameaça e o uso da força nas relações internacionais. E que o Governo português deve contribuir, cumprindo os princípios inscritos na Constituição da República Portuguesa.

Mas não são apenas os figurões acima referidos que com a guerra beneficiam! A par das dificuldades que o nosso povo, os povos da Europa e um pouco por todo o mundo, sofrem com ela, incluindo já milhões a passarem fome, os grandes acionistas das empresas de combustíveis, eletricidade e não só, aumentam escandalosamente os seus lucros, como bem lembrou a Secretária-Geral da CGTP, Isabel Camarinha, dirigindo-se aos milhares de trabalhadores concentrados no Rossio.

Mas, claro, disse mais, resumidamente, disse que enquanto essa e outras injustiças assim persistirem, para bem dos trabalhadores, do povo e do país, a CGTP não assinará acordos. E repetiu uma das palavras de ordem mais entoadas: A Luta Continua nas Empresas e na Rua.

Francisco Ramalho


Publicado hoje no jornal O Setubalense





segunda-feira, 17 de outubro de 2022

O PROTESTO SAIU À RUA.


 No Porto, como em Lisboa, o protesto saiu à rua, exigindo respostas para impedir o aumento da pobreza.



domingo, 16 de outubro de 2022

Malagradecidos

 

Tem havido um enorme frenesim porque o “venerando chefe de Estado”, como antigamente era referido o que fazia de presidente, terá dito coisas pouco católicas, ele que se reivindica de ser um fervoroso deles, mas eu sempre me divirto com a diarreia verbal desse bom homem, que não gosta de deixar ninguém sem resposta, sem o seu retratinho no telemóvel, e eu penso que faz muito bem.

 

Tivemos por muito tempo, “uns longos vinte anos”, parafraseando Mário Soares, uma múmia nos mais altos cargos do Estado que, sempre que tartamudeava alguma coisa, deixava muita gente com urticária, e se tentava sorrir, não conseguia melhor que um esgar de meter medo.

 

Agora que temos um presidente cá bem dos nossos, muita conversa e pouca obra, português de “gema”, com origem nas terras de Basto, que vai a todas e “enrola” todos com aquele seu ar bonacheirão, só quem tenha muito mau feitio, quem não saiba ser agradecido, se atreve a criticá-lo por ser o que é...

 

Amândio G. Martins

sábado, 15 de outubro de 2022

O inferno é na Terra!

Solidarizo-me incondicionalmente com todas as vítimas de pedofilia pelas acções hediondas praticadas pelo clero católico, sobre menores, parte das vezes à guarda de instituições católicas, porque órfãs... o presidente da República, acerca disto teve reações deploráveis: primeiro defendeu sem rodeios o anterior e actual cardeal-patriarca, visados, depois alertando no bispo, José Ornelas, ao enviar ao Ministério Público (MP) uma denúncia sobre ele, acautelando este e pressionando o MP. Para agravar o pântano onde se meteu, disse que 400 vítimas assinaladas não lhe parecia um número elevado... este branqueamento sendo abominável, fica-lhe mal e é pecado, para um católico como ele... reverente e seguidista de Bento XVI, sendo que este ofereceu resistência para que estes crimes fossem denunciados. A relativização de Marcelo sobre o número de vítimas é inqualificável! As suas palavras, como comentador desde antes do 25 de Abril, não são proferidas por acaso nem ingénuas... foi preciso o falso laico, 1º ministro, o absolver, para que Marcelo, dissesse: «Se ofendi alguém peço desculpa». O seu «Se» é dúbio e a sua desculpa soa a um pró-forma... A igreja católica apregoa um mar de virtudes, na prática cai numa posição vil porque destrói pessoas - as crianças! Ninguém fala em concessões, mais que justas, em indemnizar as vítimas ndo abuso sexual. Não há dinheiro que pague feridas em perpétua carne viva, mas há que ressarcir as vítimas, já que é uma questão candente - a concretizar!

Terrorismo ecológico

 

A destruição de obras de arte como forma de luta por uma causa parece-me tão desproporcionada como disparatada, porque se o que pretendem é pôr em relevo a sua luta por um mundo melhor, não é danificando ou destruindo aquilo que ainda o vai tornando humanizado a melhor forma de o fazer.

 

As obras de arte que estes pretensos ecologistas escolhem para danificar são património da humanidade, produzidas por artistas que tiveram vida miserável, quantos deles às sopas de “mecenas” que os desprezavam como pessoas, dificuldades que estes “brincalhões” nunca passaram nem imaginam poder vir a passar.

 

A ecologia fica nos antípodas do terrorismo, mas o que estes activistas fazem não é outra coisa senão terrorismo. De cara descoberta, com o slogan “just stop oil” nas camisetas brancas, despejando calda de tomate sobre “Os Girassóis”, expostos na National Gallery, não me parece que tenham criado muita simpatia para a sua causa, que é também a causa de muita gente que não precisa para isso de estragar seja o que for; de facto, se o tivessem feito despidos na praça pública, besuntados com crude, teriam despertado uma atenção mais solidária...

 

Amândio G. Martins

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

AFINAL... O PRESIDENTE MARCELO FALA DEMAIS...

 


«Marcelo Rebelo de Sousa diz que se está a navegar à vista. Marcelo não é adepto desse tipo de navegação? Não propriamente. É mais de ir para onde sopra o vento.» (Público, 11.10.2022, BARTOON Luís Afonso).

«Nestes tempos de intranquilidade», o «referencial de tranquilidade» que o PS deve ser não se coaduna com «andar a correr de um lado para o outro, fazer 30 declarações por dia, e dizer uma coisa num dia e outra noutro (Público, 12.10.2022, António Costa, Primeiro-Ministro).

«Marcelo Rebelo de Sousa, com a sua compulsão de falar em vez de estar calado, considera 400 casos de abusos sexuais coisa pouca» (Público, 12.10.2022, Maria João Marques).

«A marca de Marcelo Rebelo de Sousa é bem conhecida. Não é poupado nas palavras nem nos comentários. Não se inibe de perorar, alfinetar e elucubrar sobre tudo o que lhe prende a atenção e sempre que considera oportuno» (Jornal de Notícias, 12.10.2022, Helena Norte).

«Estava escrito nas estrelas: um dia Marcelo Rebelo de Sousa iria afogar-se na interminável torrente das suas próprias palavras». «É uma: simples questão de estatística: quem nunca se cala, quem improvisa em permanência, quem comenta de manhã, à tarde e à noite, está sujeito a cometer grandes erros» (Público, 13.10.2022, João Miguel Tavares).

«E também pela impaciência e irritação que começa a instalar-se de cada vez que o Presidente abusa da sua exposição no espaço público». «Parte das reacções exaltadas aconteceram porque os portugueses estão cansados de ouvir falar Marcelo» (Público, 13.10.2022, Manuel Carvalho).

quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Perdão, John Steinbeck

 

D`AS VINHAS DA IRA

 

 

Nalgum Minho a vindima é tortura

Um sobe e desce em pesada escada

Para colher as uvas da ramada

Daquela tão desmesurada altura.

 

Insiste quem mantém essa moldura

Sabendo ser desproporcionada

Persistindo numa mente parada

O arcaísmo dessa estrutura.

 

Para não impedir outra cultura

O vinho produzia-se em altura

Bordejando os terrenos com ramadas;

 

Tanta terra hoje desocupada

Permite a plantação modernizada

Não sendo mais precisas as escadas...

 

Amândio G. Martins

 

 

 

terça-feira, 11 de outubro de 2022

 

A RELIGIÃO E A NATUREZA HUMANA


Os princípios de todas as religiões são excelentes. O problema, são as leituras que deles se fazem e a natureza humana. Como se sabe, capaz do melhor e do pior.

Vem isto a propósito da manipulação que líderes políticos, estados confessionais ou não, através, nomeadamente, da comunicação social mas não só, fazem da religião para ganhar eleições, ou obter outros dividendos. Os exemplos são muito antigos e mantêm-se.

A deturpação da religião, levou às maiores monstruosidades da historia da humanidade. Guerras prolongadas e cruéis, por exemplo, as Cruzadas, ou outra página tão negra da Igreja Católica, a Inquisição com o seu tenebroso Tribunal do Santo Ofício. Comparados com eles, a PIDE e os Tribunais Plenários, os seus responsáveis, quase não passavam de meninos de coro.

As pessoas eram queimadas vivas ou submetidas às torturas mais requintadas e atrozes, como, por exemplo, esta que ficou no imaginário; “ficar de mãos a abanar”. As mãos eram colocadas entre duas palas de uma prensa que ia apertando lentamente até a vítima, imagine-se com que sofrimento, ficar com os ossos esmigalhados. Ficando então, de mãos a abanar.

A propósito da Inquisição, sugiro um filme que está aí em exibição nos cinemas e tão pouco publicitado, “1618”. A realização é de Luís Ismael, e retrata a delação, a perseguição e a condenação de cristãos-novos. Mais de dois séculos depois da expulsão dos judeus , os que podiam, tinham de fugir para o estrangeiro para não caírem nas garras do Tribunal do Santo Ofício.

Ainda em relação ao Cristianismo, lembrar a questão das transfusões de sangue mesmo em casos de vida ou de morte, cujo principio se aplica até às inocentes crianças das Testemunhas de Jeová, os inúmeros casos de pedofilia de padres e bispos e a manipulação de muitos milhões de eleitores pelas seitas evangélicas.

A outra grande religião, o islamismo, a sua influência mais perniciosa manteve-se até à atualidade. Veja-se o caso de tantos estados confessionais, xiistas ou sunistas, com leis e práticas implacáveis para manterem a sua influência. E ainda, com fações absolutamente terroristas e criminosas como o autodenominado Estado Islâmico ou a Al-Qaeda.

Se fomos feito à imagem e semelhança de Deus, se Ele é amor, porque é que tantos de nós, são tão maus? Claro que os teóricos veem logo com a história do livre arbítrio que Ele nos deu.

Mas se nos deu, e se tantos o usam tão mal, continuam a ser a Sua imagem e semelhança?

Portanto, a melhor “religião”, não será a nossa consciência? Não será cumprirmos um principio tão básico que é o de não fazermos aos outros o que não gostamos que nos façam a nós? Não será tentarmos cumprir o que consensual e universalmente se considera o bem? Resumidamente, não será olharmo-nos ao espelho e não sentirmos a consciência pesada com o que vemos?

Quem não a tiver, perante o mal que faz, deve arcar com a justiça dos homens. Finalmente, todos os que a têm, devem pugnar para que esta justiça, seja o mais correta possível.

Francisco Ramalho

Publicado hoje no jornal "O Setubalense"

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Pedofilia na igreja é insuportável

O encobrimento, por um bispo importante da igreja católica, sobre pedofilia é crime? Outro bispo, do Porto, manifestou-se contra (!), a criação duma comissão para averiguar estas graves infrações, adiantando que o crime sexual não é crime público(!). Esta desculpabilização é insuportável! Esta gente trucida a fé de quem a tem e promove o ateísmo. A ortodoxia clerical suprime/reprime, através do celibato, a maior pulsão criadora do ser humano - a pulsão sexual! Vozes científicas apontam esta supressão para que o hediondo abuso sexual de jovens, que muitas vezes são órfãs à guarda daquela instituição, como o cerne desta aberração. A igreja é uma fábrica de pensamento único e censório. O seu argumento, que diz que a pedofilia é um problema transversal a toda a sociedade não a desculpa nem justifica que tenha sido apanhada na rede e pisado sucessivamente, há muitos anos, linhas vermelhas... a sua prática é o contrário do que prega, sendo uma evidência nestes casos. Uma igreja que não controla os seus membros, ocultando perversidades, que prefere não denunciar - tem os dias contados... Não nos ocorre quaisquer instituições com tantos, tantos casos de pedofilia, que não tivessem que fechar portas...

A HISTÓRIA REPETE-SE.... E A POLÍTICA DE DIREITA CONTINUA...

 


domingo, 9 de outubro de 2022

 O SÉCULO DOS IMBECIS


É o título da crónica semanal de Valter Hugo Mãe, publicada hoje na revista Notícias Magazine, do Jornal de Notícias, da qual destaco um pequeno enxerto:

É duro ver como se aproximam as armas nucleares do grotesco Putin, como se entrega de novo a Itália do seu passado e como no Brasil tanta gente ratifica o discurso ignorante, machista, racista, violento de um presidente que representa com esplendor o imbecil orgulhoso.

Brilhante!!!


José Valdigem

Normalizar o intolerável

 

Ouvi ontem num canal espanhol a parte do comício em que Abascal louvava as moças que desvalorizaram os insultos e ofensas de toda a ordem que lhes foram dirigidos pela rapaziada machista da escola onde todos estudam, em que o “mimo” mais suave terá sido “Sois todas umas putas ninfomaníacas”; dizia o líder do Vox que as “chicas” souberam interpretar correctamete o que se passou, dando a todos -  políticos e da sociedade civil que manifestaram o seu repúdio -  uma grande lição; e, por espantoso que possa parecer, embora já nada nos deva espantar, havia ali muitas mulheres, de todas as idades, que aplaudiam freneticamente o sujeito.

 

Eles atacam constantemente a lei do actual Governo, feita para proteger as mulheres da violência machista, como ainda há dias ouvi a um seu quadro destacado, Juan Garcia-Gallardo, vice-presidente de Fernandez Mañueco, do PP, na Comunidade de Castilla Y León, que dizia ser a Espanha o único país do mundo que tem uma lei só para homens, que permite às mulheres “desalmadas”, como eles chamam às mulheres que fazem queixa de maridos violentos, inventar as mentiras que lhes apeteça para condenar os infelizes dos homens; quando ouço este Gallardo, que ainda há pouco chamou, em pleno Parlamento da região, imbecil ao seu antecessor no cargo, imagino a criatura com um retorcido par de galhos, e se ainda os não tem, decerto que os vai ter, mais cedo do que tarde...

 

Amândio G. Martins

sábado, 8 de outubro de 2022

Tempo para tudo menos para ler

 

ILITERACIA

 

Com medo que o cérebro lhe seque

Tal ao manchego Quixote aconteceu

A leitura nunca coube no leque

Desses bens por que na vida se bateu.

 

Há-de haver algum que lê na retrete

Alguma revista que alguém lhe deu

Dessas que combinam com o pivete

Do lugar que esse bom “leitor” elegeu...

 

Daí que nem entendam o que lêem

No que precisarem de ler não vêem

O que quer dizer o que foi escrito;

 

Ilitereracia tanto mais triste

Que longe do aceitável persiste

Por nunca ser principal requisito.

 

Amândio G. Martins

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Inversão de valores

 

A indignidade das chamadas “praxes académicas”, que todos os anos causam celeuma, parece que quem menos indigna são os jovens a essas violências sujeitos, porque quando aparece alguém que se queixa daqueles abusos, é logo desautorizado pela grande maioria dos que concordam com aquelas imbecilidades; dizem os promotores daquelas besteiras, que as “praxes” foram criadas com o saudável objectivo de ajudar a integrar os novatos na nova fase da sua vida, mas os “regulamentos” daquela coisa são tão atentatórios da dignidade da pessoa, que só podem ter sido feitos pelos que parasitam as escolas do ensino superior, acumulando anos de chumbos, não servindo de exemplo para nada.

 

As televisões espanholas mostravam ontem um vídeo que corria nas redes, registando as ofensas mais grotescas e obscenas que os “meninos” dum colégio mayor, como lá chamam às universidades, dirigiam às moças da mesma instituição, e em relação ao qual toda a gente se mostrou revoltada, até porque as “novatadas”, como lá chamam às “praxes”, estão proibidas nas escolas do país.

 

Todavia, para espanto de toda a gente, as “muchachas” saíram em defesa dos ”cavalleros”, dizendo que não se sentiram ofendidas, que o que foi publicado não passava de uma “broma”, e são todos muito amigos; de facto, lá como cá, a gente que não concorda com aquelas grosserias acaba por ter de aceitar que a sua reacção não passa de coisa de velhos, que nada entendem dos novos “valores” da juventude...

 

Amândio G. Martins

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Descapitalizar a Segurança Social é crime!

No seguimento da proposta de acordo de rendimentos, que está a ser discutida entre o governo e os parceiros sociais, o presidente da confederação do Comércio e Serviços, diz que para aumentar o salário minimíssimo nacional (SMN), quer uma descida da TSU(!). Uma vez mais: dá um chouriço, se lhe derem um porco! Assume que, se o poder de compra se deteriorar é inevitável... mentira! Haja vontade política em tabelar preços de bens e serviços essenciais, bem como valorizar salários e o poder de compra não nos empobrecerá ainda mais. A descida da TSU, visa descapitalizar a Segurança Social(SS)... já não bastou os patrões terem sido altamente beneficiados pela SS, através do pagamento do lay-off, que lhes deu muito jeito (e lucro), para pagar salários... com o dinheiro dos próprios trabalhadores! Os montantes da SS são pertença destes mesmos trabalhadores. Ponto! Aquele, questionado sobre os trabalhadores que recebem o SMN perderem poder de compra, no alto da sua empáfia, disse que não haja ilusões(!). É uma versão igual à do banqueiro: aí aguenta, aguenta! Este figurão devia sobreviver com o SMN, durante algum tempo, e assim teria outra avaliação - equitativa... com real fundamento. Vítor Colaço Santos

terça-feira, 4 de outubro de 2022

 

A EUROPA DE MARCHA ATRÁS


A extrema direita, mesmo o neo-fascismo, emergem por toda a Europa, chegando ao poder em países tão importantes como a Itália ou a Polónia.

Mas também em França a senhora Le Pen, canta de galo, aqui ao lado na Espanha, o Vox, também engorda. Na Suécia, e no Leste, para além da já referida Polónia, temos a Hungria de Orban e, igualmente bem representada, a extrema direita, nos países bálticos e em quase todos os outros.

Ente nós, o senhor André vibra com estes êxitos dos partidos irmãos do seu, como agora em Itália com a coligação liderada pelo partido “Irmãos de Itália” da senhora Geórgia Meloni.

A desilusão com as políticas dos governos ditos socialistas, social-democratas, democratas cristãos e liberais, e a falsa alternativa entre eles, a demagogia e o populismo da extrema direita e do neo-fascismo, conduz à ascensão destes últimos.

Além disso, a Europa, os seus povos, para além da subordinação dos governos referidos ao grande capital, acresce a submissão à estratégia de tentativa de domínio global dos EUA e da NATO. Submissão essa, bem patente agora no caso da guerra na Ucrânia.

Apesar do governo de Zelensky, incorporar nas Forças Armadas, na Polícia e até no próprio Governo, elementos assumidamente nazi-fascistas, tem todo o apoio dos EUA,da NATO e da UE. O que é um péssimo exemplo para os desiludidos eleitores, e uma desgraça para a Europa.

A guerra fomentada na Ucrânia, o avanço da NATO para junto das fronteiras da Rússia e as provocações à China, fazem parte da referida estratégia de tentativa de domínio global dos EUA.

Quem paga, e com língua de palmo, como se constata e a tendência é para agravar, são os povos europeus. E não só, claro!

Depois, não olham a meios para atingirem os fins e fazem tábua-rasa do Direito Internacional como aconteceu fez agora 77 anos, com o bombardeamento atómico escusado porque a guerra tinha fim à vista, das cidades de Hiroxima e Nagasáqui. E depois, violando também a Carta das Nações Unidas, nomeadamente, com a guerra contra a Jugoslávia e contra o Iraque.

E agora, quem ganha com o grande golpe terrorista, com a sabotagem, dos gasodutos Nord Stream 1 e 2?

Para além do prejuízo para a Rússia, para grande parte da Europa e não só porque se refletirá em geral no preço do gás, este atentado terrorista, este desastre ambiental provocado, representa também mais um enorme rombo no já tão degradado meio-ambiente. Um duplo crime que quase de certeza, como os outros referidos, ficará impune.

Portanto, a Europa, este berço da civilização, deve ser um espaço de liberdade e democracia e tem de libertar-se das amarras que a tolhem. Como sempre, a luta dos seus povos, é decisiva.

Felizmente, em sentido contrário, deixando cada vez mais pequeno o quintal das traseiras do seu vizinho imperialista do norte, têm ido alguns países da América Latina. Quando alinhavo este texto, ainda não são conhecidos os resultados no Brasil. Para bem do seu povo, da América Latina e do Mundo, esperemos que também no bom sentido.

Francisco Ramalho


Publicado hoje no jornal "O Setubalense"



Basta ter vergonha

 

DA CULPA

 

Rameira à luz do dia recusada

Ninguém se gaba de ter possuído

Mesmo o que se lambuza embevecido

Com ela consigo mancomunada.

 

Ela sempre lhe pode ser apontada

Mas ele mostra-se despercebido

Se tem com ela pacto escondido

Conta que não haja povas de nada.

 

Assumir a responsabilidade

É único sinal de integridade

Sempre que cometemos algum erro;

 

Lembre-se quem a si próprio desculpa

Como se não fosse pessoa adulta

Poder sofrer de alguém o desespero...

 

Amândio G. Martins

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Os CTT continuam a destratar os clientes

Os protestos dos clientes dos CTT continuam a um ritmo assinalável, nunca antes verificado até à sua privatização. A distribuição diária do correio, aqui na aldeia e povoações circundantes é uma miragem originando bastas vezes, que a recepção de facturas para pagamento venham com o prazo expirado(!). A administração dos CTT tinham o dever de ressarcir as pessoas mas, não o fazem - vivem na impunidade... O decréscimo na qualidade do serviço prestado é uma realidade e as cíclicas multas aplicadas pelo regulador por incumprimento, atestam-no. A empresa, teve lucros de 38 milhões de euros e distribuiu pelos acionistas, directa e indirectamente - 36 milhões... tendo concedido aos trabalhadores um aumento de apenas, 7,5 euros. Neste panorama, o banco CTT assume um protagonismo e espaço, que deixa a distribuição postal para plano secundário. Junte-se esta «pérola»: Os CTT endividaram-se e venderam património para antecipar a distribuição de dividendos aos acionistas, que ainda não tinham sido ganhos(!). As reclamações e justificações, são mais que muitas para que se renacionalize os CTT! Mas, este governo absolutista é frouxo e complacente para com uma administração incompetente, lastimável e incumpridora, continuando a ser cúmplice, de toda esta situação que nos destrata e penaliza os trabalhadores. Vítor Colaço Santos

domingo, 2 de outubro de 2022

Canoagem

 

Tem havido por estes dias, em Ponte de Lima, naquele espelho de água que o açude da Guia forma no Rio Lima, em frente ao casco velho da vila, um raro colorido; de facto, embora seja possível ver, diariamente, várias canoas do Clube Náutico em exercícios de treino, o Mundial de maratonas que por estes dias ali tem lugar proporciona a quem quiser, que há imenso espaço aberto para se poder ver de perto o desenrolar das provas, um ambiente delicioso.

 

Os açudes nos rios nunca são pacíficos, e quando são mal desenhados provocam desequilíbrios insanáveis, como aconteceu com aquele que o actual substituíu, que provocou manifestações à marretada, porque aos  pescadores a montante não chegavam sobretudo as lampreias, que poucas conseguiam transpor aquilo na época da desova.

 

Felizmente, o erro foi corrigido com uma obra bem feita, com larga e apropriada rampa para todos os peixes e uma rampa de suporte do próprio açude, feita de fortes pedregulhos soltos, cujo efeito cascata delicia quem o possa ver. Lembro-me do tempo em que o rio corria livre de obstáculos, e na época seca ficava reduzido a um pequeno regato encostado à margem direita, deixando à frente do burgo um extenso areal desolado...

 

Amândio G. Martins

O grande pensador


Ao anúncio de mais um empolgante artigo do Prof. Cavaco Silva, cheguei a pensar que estávamos salvos. Se o “homem do leme” nos aparece para “Ajudar o Governo a encontrar o rumo certo”, a salvação estaria certamente ao alcançar da mão. Aperaltei-me, pois, para a leitura do texto, momento solene, está claro, e assestei as lunetas. Mas rapidamente caí na mais profunda das desilusões. Para além das incontornáveis “reformas”, preferencialmente “estruturais”, apenas o ataque feroz a três ou quatro membros do Governo de quem ele não gosta (melhor dizendo, de quem ele ainda gosta menos do que de todos os outros…) e uma presunção de como se passa o tempo nos Conselhos de Ministros. Mas a “ajuda” foi dada: a António Costa basta-lhe despedir alguns ministros e o assunto fica resolvido. Siga a marinha!


sábado, 1 de outubro de 2022

 AS ÚLTIMAS DO FANATISMO RELIGIOSO



No Irão já morreram mais de 80 pessoas que se manifestavam nas ruas contra o regime dos ayatolas, que assassinou uma jovem mulher, por esta, num determinado momento se ter apresentado em público, sem o véu islâmico.

No Brasil, o Presidente-candidato Jair Bolsonaro, em plena campanha eleitoral insulta os seus adversários, e instiga os seus apoiantes a revoltarem-se com violência se os resultados não lhe forem favoráveis.
"Brasil acima de tudo. Deus acima de todos", é o mote da sua campanha!

Na Rússia, o Patriarca da Igreja Ortodoxa, um milionário com cara de bêbado, garante que quem fôr prá frente de batalha matar ucranianos, terá a viagem para o céu, garantida (em primeira classe, digo eu).

Cá por casa, Dom Ximenes Belo, líder da Igreja Católica de Timor-Leste é suspeito da prática de pedofilia. Desapareceu, misteriosamente. Quem o esconde é cúmplice.
Em Famalicão, um padre com a colaboração de três freiras, violentaram física e psicologicamente durante anos a fio, noviças do seu convento, levando uma delas à morte. Vão agora (finalmente) ser julgados. Que a Justiça não lhes seja branda, é o que desejo.

Sou ateu, graças a deus.



José Valdigem