segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

É tudo lícito?

Hoje, enquanto almoçava, ouvi, em tom de "rap", uma interpretação da balada triste, linda e acusatória cantada pelo Adriano Correia de Oliveira , que fala do ".... soldadinho que nunca mais se faz ao mar....". Senti-me triste com aquilo! A glosa é livre mas... esta balada! Ainda por cima, aproveitava somente o " menina dos olhos tristes, o que tanto a faz chorar " como estribilho ( tudo o resto - "olhe senhor pensativo..." e " senhora de olhar cansado....", " vem numa caixa de pinho... coitado do soldadinho..." - não era cantado) e havia sim uma nova letra que nada tinha a ver com o que conhecíamos e cantávamos da balada origunal. Saberá esta gente que o que Adriano cantava era melodicamente melancólico e incisivo na condenação da guerra colonial e por isso.... tristemente lindo? Quero crer que não, senão o assunto seria mais grave.
Vivemos um tempo em que, talvez pelo modelo epocal da nossa civilização, tenta-se arranjar, "a martelo", ligações espúrias entre todos os tipos de música, mas aqui.... é muito mais que isso pois é uma "agressão" pateta a uma canção datada que devia ser imaculada para nossa memória! A voz da moça até era bonita e fiquei sem lhe saber o nome... o que até foi bom pois assim não lhes fico com "raivinha"...

Fernando Cardoso Rodrigues

2 comentários:

  1. Se calhar até chamam a isso um "refresh", mas o que acontece, muitas vezes, ao "adulterarem" obras icónicas de uma época não é mais que um intolerável abuso...

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