Esta não é a primeira vez que comento o caso impróprio, e
suspeito de que será sempre um acontecimento inacabado de tanta incerteza
maldita. O caso Rui Pedro, desaparecido em Lousada e investigado por
tudo quanto é esquina e beco, mato, buraco e net, sem que até hoje alguma coisa
nos trouxesse verdade e paz. Faz quase uma vintena de anos que o miúdo da
bicicleta, rolava sobre rodas entretido ali perto de casa, enquanto se divertia
sob o olhar distraído da mãe, e abandonado da preocupação do pai, assoberbado
no seu trabalho, desapareceu até hoje, sem que se tenha uma pista sequer do que
terá acontecido. No entanto, um homem foi preso ao fim de muita(!) investigação
e pouca lucidez na sua condução pelas autoridades especiais. Um homem está
preso, e vai continuar para sempre nessa condição sem que haja a convicção, a
mínima dúvida de que foi ele o verdadeiro, o único, o principal implicado no
caso traumático para duas ou mais famílias. Um homem que foi julgado, antes,
durante, e após ter rolado com o seu camião por estradas de pó e de asfalto em
busca do pão, do seu sustento, para no regresso a casa, a que nunca fugiu, o
descarregar e pôr na mesa junto dos seus, aonde o esperavam com mais lágrimas
do que com fome. Sempre tendo, o medo, como companheiro na cabine da
angústia, quer em viagem, dentro da solidão, no seu vai-e- vem que o trabalho
obrigava. Por outro lado temos uma família sofrida até não poder mais, que não
mais teve de volta o seu filho querido, por outras voltas que tenha dado, por
tantos caminhos, vias electrónicas, e tribunais terrestres, com um advogado,
que a todo o custo quis fazer prova, mais mediática e proveitosa quanto
teimosa, de que ali estava o homem-chave capaz de nos conduzir a todos à
verdade, e promessa disso fez, como conduziu, o agora preso, sempre em
segurança o seu camião de longo e pensativo percurso. Advogado apostado é
advogado bem pagado. O camionista não é homem mediático, e não tem recursos
nem amigos republicanos nem maçónicos, para avançar para lá da dificuldade
aonde pudesse carregar as provas incontestáveis que o ilibassem. E Tribunais
imunes a pressões e até Constitucionais não lhe deram séria importância. Afonso,
o homem encarcerado em Guimarães, terra aonde um graduado de polícia anda à
solta após desancar com porrada e o bastão da cobardia, uma família doce, após
um jogo da bola, vai ter saida precária da prisão que o diabo ergueu à sua
volta por uns Dias. Por bom comportamento - licença banal em matéria
grave. Atitude ou bom-senso, que segundo a acusação lhe faltou aquando o Rui
Pedro, que era um amigo mais novo, deixou-nos e a sua alegria de pedalar na sua
bicicleta recreativa, não se sabendo absolutamente nada sobre o que terá
acontecido. Afonso Dias, regressará após o período concedido em liberdade, à
prisão aonde retomará a figura do diabo, sem que o advogado, mau pagador de
promessa feita, e uma prostituta, com quilómetros de pecado e de falta de
credibilidade, uma mãe e um pai, incansáveis com a cruz da dor e da escuridão
às costas faz anos, uma polícia duvidosa e vazia, conseguissem até hoje
provar-nos que Afonso Dias foi mais precário do que alguns intervenientes no
processo que o julgou e condenou, e que estes é que deviam beneficiar de uma entrada precária nas grades, pela injustiça
alegadamente cometida, por sem resposta indesmentível que nos descanse e
pacifique a todos.
Estou consigo, com tantas dúvidas.
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