Em consciência, não decido pelos outros, os outros não decidem
por mim.Não mato voluntariamente, mas se for necessário fâze-lo - que me peçam
- talvez seja capaz de o fazer, pensando
o mais e melhor que puder a tomada dessa decisão.
Não sabemos o dia de amanhã – e ainda bem, vamo-nos poupando
entretanto a sustos talvez enormes que estão para vir – mas uma vez mais, se estiver
em consciência, numa situação terminal degradante (aos meus olhos) tenho
absoluto direito de decidir o meu desfecho.
Compreendo todos os pontos de vista: as questões ontológicas, escatológicas,
deontológicas, espirituais e outras que se imaginem. Mas insisto e sublinho que
tenho direito, sempre, à minha dignidade, e se ela for no sentido da decisão de
morrer, peço que me respeitem e ajudem (caso não o possa fazer).
Se quem estiver a meu lado – técnico de saúde ou familiar – for objector
de consciência, afastem-no, chamem quem aceite a minha vontade - acima da sua,
porque nesse momento é de mim que se trata - e me ajude a fechar a porta.
A decisão da autorização da eutanásia, não é uma decisão
política, que se decida por decreto; não é uma decisão religiosa, deixemos aos
deuses as coisas dos deuses e aos homens as coisas dos homens; é uma decisão de
vida ou de morte, deve ser tomada por vontade própria, por palavra própria.
Os cidadãos devem manifestar soberanamente a sua opinião por
referendo, vinculativo, decisório, a ser seguido sem mais porquês, após o
desfecho e a contagem das opiniões.
Discuta-se o tema na praça pública, esgrimem-se opiniões, da conversa
floresce sensatez. Agora, não se alimentem profectas, protectorismos, paternalismos,
e outras violências extremistas do pensamento, que só servem para manipular.
A opinião do outro é importante, mas quando se trata do acto
mais íntimo do homem – o nascer, o morrer – só dentro dele pode encontrar a
decisão certa.
Ninguém pediu para nascer, mas pede-se para morrer... É um assunto muito complexo e sensível.
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