É sabido que a actual
autonomia do BdP (Banco de Portugal) foi muito limitada pela sua integração no
SEBC (Sitema Europeu de Bancos Centrais). Outrora completamente independente
para estabelecer a sua política monetária, a nossa integração no Euromercado e
a adopção do Euro como moeda, diminuíram fortemente a autonomia do BdP
como regulador do sistema financeiro. Muitas vezes não compreendemos ou
aceitamos actuações do BdP, quando no fundo o seu Conselho de Administração
está "amarrado" a regras do SEBC a que não pode fugir, sob pena de
gravosas consequências para si próprio e para Portugal. Chegados aqui, é mister
comentar as recentes públicas críticas do PM à estratégia do BdP face aos
chamados "lesados do GES-BES". Nunca no nosso País um chefe de
governo havia ousado criticar o BdP. Não certamente por falta de vontade ou até
razão objectiva, mas pela sacrossanta estabilidade do sistema financeiro.
Dir-se-á então que se tratou de um lapso, inconsciência ou incompetência do PM?
Certamente que não! António Costa (AC) é um político muito experimentado, e
nunca por nunca cometeria em público um erro destes. No meu modesto ver,
trata-se apenas de uma concepção socialista do Estado e as suas instituições. A
chamada "direita" política, acredita piamente nos mercados e promete
que o Estado intervenha o mínimo possível nas empresas e instituições. Nos
orgãos de supervisão e regulação, então este rigor terá de ser ainda mais
assertivo. Os socialistas, ao contrário, acham que o Estado tudo deve regular e
cuidar, desde o nosso nascimento até á nossa morte. Neste caso vertente, AC,
mesmo que quisesse ou tivesse de intervir, nunca o deveria ter feito em
público, pelos óbvios prejuízos que trouxe para a imagem e credibilidade do
BdP.
OBS. Publicado no jornal Público, na sua edição de 23/2/16.
Também publicado (parcialmente) na edição de 27/2/16 do semanário EXPRESSO.
Também achei muito estranho a atitude verbal de AC, todavia os órgãos de soberania, de facto, estão debaixo de ordens externas. É o que temos.
ResponderEliminarCredibilidade do Banco de Portugal? Não me faça rir, senhor Manuel. De facto, o actual governador tem a mesma credibilidade que Cavaco e Coelho, que asseguravam aos investidores que podiam confiar no BES, que uma coisa era o GES e outra, bem diferente, o BES. Claro que os dois, com a rectidão de carácter que lhes é reconhecida, já disseram que nunca o disseram...
ResponderEliminarSr. Górgias, esqueceu-se de falar no falhanço do idolatrado dr. Constâncio, no caso BPN. Mas esse, por ser socialista, é um ungido. Se quiser tratar com seriedade a grave questão da supervisão (diria melhor, falta dela) bancária em Portugal, tome nota que o BdP está dotado desde há 50 anos com uma logística para fazer a supervisão com base em "paper work", ou "red tape", e nunca como um polícia dos bancos. Nos EUA, os prevaricadores são presos pela SEC em pleno dia e em público.
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