A“IMPARCIALIDADE”
DO SR. MILHAZES
“
Na Grécia e em França, importantes lutas marcam a actualidade.
Governos auto-proclamados de esquerda- ou até da “esquerda
radical”- estão a concretizar as políticas anti-laborais e
anti-sociais do grande capital financeiro. Mas a resistência tem-se
manifestado nas ruas e em greves, organizada pelo movimento
sindical e organizações políticas ligadas à defesa dos interesses
de quem trabalha, e não aos interesses de quem lucra.
Há
que recordar as promessas- e ilusões- de mudança que acompanharam a
eleição de Hollande em 2012. Era anunciada uma mudança nas
orientações da União Europeia e prometido o fim das políticas de
austeridade. Hoje, o governo do PS Valls procura impor nova
legislação laboral à moda da troika. Desde Março que, em
sucessivas jornadas de luta, centenas de milhar de franceses descem à
rua em defesa das suas condições de vida e de trabalho. O estado de
excepção decretado por Hollande após os atentados terroristas ,
tem servido de pretexto para brutais repressões policiais. Longe de
uma qualquer “ solidariedade nacional para a luta contra o
terrorismo”, o governo francês escolheu o momento para lançar um
feroz ataque contra o seu povo. Torna-se óbvio que a ofensiva
anti-social e o estado de excepção não andam desligados. Foi no
fórum do grande capital em Davos que o primeiro-ministro Valls
anunciou à BBC que o estado de excepção se eternizaria “ pelo
tempo que fôr necessário”.
Na
Grécia é o governo da esquerda radical do Syriza- tão promovido
por certa esquerda europeia, como o BE, que se pendurava ao pescoço
de Tsipras nos dias de glória eleitoral para depois fazer de contas
que nem sabia quem fosse- que está a promover mais um feroz ataque
ao martirizado povo grego. Desta vez com uma “reforma” do sistema
de pensões. De proclamado opositor e resistente aos ditames da UE,
o governo Tsipras tornou-se num fiel executante das políticas de
austeridade da Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI. Mas
o governo Tsipras foi mais além, colaborando com o belicismo
imperialista. Traindo décadas de solidariedade do povo grego com o
martirizado povo da Palestina – que assinala na próxima semana
mais um aniversário da sua catástrofe ( a Nakba) – tornou-se um
aliado de Netanyahu. Depois de manobras e acordos militares em 2015,
Tsipras visitou Israel e descreveu Jerusalém como a sua “capital
histórica”. Mesmo a comunicação social daquele país escreveu
que “ devido ao conflito israelo-palestino e a disputa sobre
Jerusalém, muitos países recusam reconhecer Jerusalém como a
capital de Israel” e cita um ex-diplomata de Israel. “ A
declaração de Tsipras é sem precedentes, especialmente para um
diplomata europeu”. (i 24 news.tv, 26.11.15).
Convém
lembrar estes factos, não apenas porque são a verdade histórica,
mas também para que se tire as devidas ilações. Sobre quem falou
verdade e quem a ela faltou. Sobre o papel de certas forças que se
proclamam de esquerda mas que, capitalizando o descontentamento
popular, tornam-se executantes das políticas do grande capital,
quando os seus tradicionais partidos deixam de ter condições para o
fazer. Para que se compreenda o papel de gente como o ex-ministro
Syriza Varoufakis que, tendo saído do governo aquando da capitulação
de Tsipras, ainda encontra vontade para – tal como Obama-
aconselhar os britânicos a votar a permanência nessa UE que tanto
sofrimento tem infligido aos povos ( The Guardian, 5.4.16).
Há
quem venda ilusões aos povos, com soluções fáceis e indolores.
Mas, como o PCP tem sublinhado, sem ruptura com os ditames do grande
capital financeiro e as instituições ao seu serviço – como esta
União Europeia irreformável e cada vez mais agressiva e ditatorial
– as promessas são apenas ilusões. Ilusões que ajudam a salvar o
sistema. E que quando se transformam em traição, correm o risco de
abrir caminho a realidades ainda piores. Só o caminho da luta pode
abrir as vias do futuro.”
É
este o texto integral onde o Sr. Milhazes se inspirou para demonstrar
a sua seriedade e a sua“imparcialidade” ideológica e política,publicada neste
blogue com o título “ Outra vez o Social-Fascismo?”
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