Conhecem o Gonçalo ?
Pois se calhar não, se calhar sim, ou se calhar talvez, porque "Gonçalos" há muitos , mas este Gonçalo anda na ribalta dos media pela sua participação no Masterchef Júnior
Este miúdo, como tantos outros miúdos da idade dele gosta de cozinhar, candidatou-se e entrou no mais famoso reality show de culinária do mundo, versão Tuga.
Até aqui tudo bem - podemos gostar ou não do formato do programa, dos Chef escolhidos, do tio Goucha a apresentar a coisa, mas são miúdos a cozinhar e isso faz toda a diferença.
Nesta aldeia global em que vivemos onde vale tudo menos tirar olhos, este Masterchef, não é por ser com miúdos que não tem todos os defeitos que encontramos nos adultos.
Longe vai o tempo em que tudo o que era pequenino era engraçadinho, como dizia o povo. Não, aqui a competição é acesa, feroz mesmo e como os miúdos ainda não possuem os requintes de malvadez dos adultos quando estão a sacanear os colegas, as malformações de carácter são mais visíveis e por vezes mesmo ostentadas com orgulho.
O programa de ontem, já a sério, porque a eliminar revelou o melhor e o pior de todos os concorrentes e este Gonçalo saiu-me pior do que encomenda.
E, não me venham dizer que são crianças e tal, que a pressão é muita , porque não compro essa. Aquelas crianças que ali estão vêm de diferentes proveniências sociais e demonstram carácter ou falta dele na forma como se dão entre si, e pela forma como abordam a sua participação no programa.
Este miúdo Gonçalo é bom cozinheiro, provavelmente um dos melhores, tanto, que numas das provas foi o “chefe de equipa” numa prova de grupo. Aí revelou parte da sua má formação moral - meteu os pés pelas mãos repetidamente na forma de organização do trabalho da sua equipa, da qual ele era responsável, e nem por um segundo demonstrou a humildade de perceber que estava a agir mal, remetendo para os outros os erros cometidos. Apesar disso, a sai equipa ganhou o desafio e ficaram por isso isentos da prova a eliminar e aí sim o Gonçalinho foi a estrela.
Do alto da varanda onde apreciava o desempenho dos outros colegas “ajudou” claramente um dos meninos em prova a espalhar-se ao comprido, algo que não passou despercebido nem ao júri nem a alguns colegas.
Moral da história – o concorrente que ele tão gentilmente ajudou foi eliminado mas demonstrou uma enorme nobreza de carácter quando ao ser questionado pelo júri sobre a “ajuda” que recebeu do “amigo” – propositadamente errada, disse humildemente que tinha sido ele a pedir porque não se sentia muito confortável com sobremesas.
Este menino abandonou a competição mas é um menino com tudo para um dia voltar, se lhe apetecer, porque moralmente é uma pessoa com alicerces.
Já o Gonçalo, até pode vir a ganhar o Masterchef Júnior, mas falta-lhe crescer muito para ser um ser humano com maiúsculas.
Eu sei que estes programas são concurso, mas quando o público alvo são crianças em fase de estruturação da personalidade, têm que ter uma componente pedagógica senão apenas contribuem para que a selva em que vivemos, onde não se olha a meios para atingir os fins, se adense de forma incontornável.
Nada me move contra o miúdo Gonçalo, mas para seu bem, era desejável que alguém o ajudasse a antes de tudo ser um bom ser humano – o ser-se bom profissional vem depois e sem um, definitivamente, não existe o outro.
São crianças, eu sei…mas por isso mesmo estas coisas têm que ser vistas e corrigidas.
Se uma criança for filha do dono de um pequeno café ou restaurante, se ajudar a colocar um guardanapo numa mesa, a ASAE, aplica uma multa ao pai, por exploração de trabalho infantil. Se entrar num programa de TV, ou de outro género, mesmo publicitários, nada sucede, e até é aplaudida a organização. Este é um mundo cínico e sem escrúpulos, onde temos de viver, mas que não incomoda assim tanta gente, especialmente se tem poder para "dar a volta ao texto". É a vidinha portuga, no seu máximo esplendor.
ResponderEliminarMeu caro amigo, essa é outra vertente da questão, igualmente pertinente , mas que fiz questão de nem abordar.
EliminarAqui o que assusta é a falta de carácter e de princípios morais do miúdo e foi isso que pretendi denunciar, uma vez que se trata de uma programa com e também para crianças, logo, com uma componente pedagógica, penso eu de que...mas se calhar estou enganada, o que conta mesmo é só a competição.
Cara Amiga - Qualquer das nossas análises ao programa não esgota o tema do aproveitamento das crianças para fins comerciais. A faceta, da quase imoralidade, do comportamento do vencedor passa despercebida a muita gente, pois, o que se advoga, é que o mundo é dos espertos. Logo, o que é preciso é vencer e, possivelmente, a criança foi aconselhada a ter um tal comportamento. É bastante difícil, mas vamos continuar a lutar por um mundo mais justo, por isso, melhor. Os meus respeitosos cumprimentos.
EliminarNão me consigo demitir da minha responsabilidade como cidadã e como mãe. estes comportamentos são abomináveis e ainda que sejam passados impunemente em horário nobre, não consigo ficar calada. Eu faço a minha parte, mesmo sabendo que não vou conseguir mudar grande coisa.
EliminarNão sabia sequer da existência do programa. Mas não fico admirado. O que está a dar são os reality shows, futebol e culinária. Quanto à análise da Graça, só posso concordar.
ResponderEliminarPois é caro Francisco...é o que está a dar, mas não consigo ficar indiferente a estes exemplos de falta de cidadania e de educação que passam em horário nobre a são objecto de aplauso, se bem que no caso em apreço, um dos jurados tenha aflorado a questão subtilmente.
ResponderEliminarJá li algo sobre o assunto. Mas só algo agora me ocorre sobre o assunto: é um dos frutos dos tempos que correm para rumos incertos.
ResponderEliminarOk e por ser furto dos tempos que correm para rumos incertos, como diz e bem, vamos deixar passar isto impunemente. eu sou mãe e passei toda a vida a incutir nos meus filhos que eles nunca serão bons profissionais se não forem pessoas integras e não abdico desse princípio. Um dia feliz José e obrigada por colaborar.
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