Todos
estamos consternados com as graves consequências dos incêndios.
Nomeadamente, com a perda de vidas humanas. Todos lamentamos a
destruição de bens materiais, animais, ambientais. Todos admiramos,
elogiamos e agradecemos o papel dos soldados da paz e de quem os
auxilia. No fundo, todos perdemos com esta calamidade. Com estes
crimes, uma vez que nem todos os fogos são fruto do acaso ou das
condições atmosféricas. Mas, Todos somos culpados! Alguns,
muitíssimo mais que outros, evidentemente! A começar, pelos autores
materiais e/ou morais dos casos de fogo-posto. Depois, o Poder
Central. Os sucessivos governos (que são eleitos...). Que fizeram em
matéria de organização territorial? De prevenção? Não serão
eles os responsáveis pelo abandono do interior? Não foram eles que
reduziram drasticamente os guardas florestais? Não foram eles que
acabaram com os guarda- rios e com os cantoneiros das estradas? As
matas estatais estão convenientemente limpas? E os proprietários
das privadas são obrigados a limpá-las? As Autarquias, muitas
delas, também não estão isentas de culpas. E o cidadão comum, nós
todos, não temos culpa nenhuma? Quem é que corta as ervas secas
junto da sua casa? Poucos, não é verdade? Já reparam nas bermas
das estradas e caminhos deste país? Não são autênticas lixeiras?
Não contribuem para a deflagração do fogo? É um rol infindável!
Só mais mais esta, que não tem a ver com os incêndios, mas sim,
com o nosso civismo: já repararam nos milhões de beatas que todos
os dias são enterradas ou atiradas para a areia e lá ficam a
conspurcar as nossas belas praias? Claro que nem todos/as têm estes
lamentáveis comportamentos. Mas são muitos/as! E quantos reparam e
os advertem? Muito poucos, não é verdade?
Portanto,
salvo raro e honrosas exceções,todos somos culpados. Primeiro os
criminosos, com ou sem aspas, e os restantes, pelo silêncio ou por
conivência.
Francisco
Ramalho
Corroios,
11 de Agosto de 2016
Como e costume uma intervenção cívica correcta no momento oportuno. O respeito pelos outros e pela natureza devia começar na escola e no lar. Nem todos têm a consciência dos deveres cívicos, que, em muitos casos, são inatos ou transmitidos pelos os que nos estão próximos. A escola devia ter nos curriculum uma disciplina de educação cívica, que nos finais do século XIX fazia parte dos programas, e que se estendeu pelo primeiro quartel do século XX. Depois, tudo se foi perdendo. É preciso ter em conta que o combate aos incêndios se faz, sobretudo, na prevenção e isso foi esquecido. Os agentes preventivos, que actuavam nas áreas das florestas, dos caminhos e das valas e rios, a que o Francisco refere e bem, foram expurgados do sistema e, nalguns casos, substituídos por elementos de instituições, que por vezes parecem mais folclóricas que úteis. Um abraço ao Francisco Ramalho, sempre atento na luta por um Portugal melhor.
ResponderEliminarObrigado amigo Tapadinhas! Retribuo, com todo o merecimento, os elogios. Um grande abraço!
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