Tinha-se algum apreço por ele. Melhor, depois do muito mau, o
que viesse seria sempre menos mau, o que era uma linha de raciocínio
perfeitamente plausível. A qualidade baixou tanto com os anteriores, que um
assim-assim seria suficiente para nos exultar, rebolarmos na relva de alegria.
A sua bonomia, estudada, acabaria por quebrar o ressabio, e
algum êxito mais vistoso, levar a ganhar estima e o crédito.
É certo que tudo começou de uma forma atípica, não se ganhou, e
tomou-se o poder através de uma artimanha circense – de qualidade é certo, ao nível
do que melhor se vê lá fora, mas ainda assim uma artimanha – o que e apesar de
estarmos fartos da prepotência dos outros, não foi bonito e deixa um travo a
desconfiança.
Logo a seguir vem aquela coisa das horas para a Função Pública,
quando o que se devia implementar era uma verdadeira disciplina da eficácia do
trabalho. Implementa hoje, ou amanhã, hoje para uns, os outros vai-se ver
amanhã. Amadorismo.
Depois a guerra das escolas, quando ninguém olha para os currículos
desadequados às realidades do mundo, os lobbies dos livros escolares e os
preços de assalto à mão armada que os pais sofrem todos os anos, o que
interessa é transformar um assunto mínimo numa quase guerra santa entre o
Estado laico e a poderosa Igreja.
As poucas mais gravíssimas falhas no sistema de saúde – as que
se sabem e não se abafam nos corporativismos – com mortes impunes e sem que se
prestem contas (os resultados das Comissões são sempre nebulosos e fora de
tempo e contexto). O contribuinte vai a uma qualquer urgência deste país e é atendido (a desoras) por um jovem
médico interno , que está ali quase abandonado a pedir que alguém também a ele,
o venha salvar.
Mais recentemente, com os calores já a apertarem as constantes
idas e vindas dos governantes para assistirem aos jogos da seleção nacional de
futebol. Uns a pagarem do bolso inesgotável (para alguns) do Estado, outros a
serem pagos por outros. Não há conflito de interesses nem inadequação desproporcionada
ou lá o que isso for. Tudo na mesma, não há responsabilização de quem manda (ao
menos uma vez, para servir de exemplo?), quem gozou desses prazeres desconhece
o significado da palavra ética, que podia só ser vergonha. Era suficiente mas
não a têm.
Por último (já que não se sabe o que nos espera e o ano ainda
tem mais um terço) os eternos incêndios. Todos os anos cada vez mais, todos os
anos eles a saberem que no ano seguinte vai ser assim ou pior, e nada. Não há
multas pesadíssimas, não se imputa crime ao proprietário relapso, os meios são
insuficientes, não se planeia o futuro e o futuro, a continuar assim, vai ser
sem árvores e em calamidade ecológica irreversível: os que vierem a seguir que
se amanhem para viverem num mundo assim.
É este e para já o balanço, pouco promissor, pouco esperançoso,
mas não faz mal ninguém quer saber, as praias, de Algés à Quinta do Lago estão
inundadas de fiscais atrás da bola de Berlim. Isso é que é um escândalo, porem
esses desgraçados sem condições, sem chapéus-de-sol e protector solar, à cata
das imparidades e das mafias de leste que dominam o negócio.
Boas férias.
O estar interessado em Berlim, não deixa de ser, da parte do governo, uma boa atitude. Conquanto, o que é importante na capital da Alemanha são as decisões do BCE ou da Sra Merkel e não as bolas que se vendem nas praias lusas. Há aqui falta de visão! Ora bolas!!!
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