CARTA A PEDRO SANTOS GUERREIRO -
Semanário EXPRESSO
Assunto : "Panama Papers"
Caro Pedro Santos Guerreiro,
Desculpe-me a devassa de lhe entrar
assim, de rompante, sem um doutor, um professor doutor, com uma ligeireza a
parecer deselegância no tracto. Os títulos atrapalham-me (eu sei, é um problema
meu), prefiro a descomplicação dos nomes, facilita a comunicação ,reduz distâncias,
anula hierarquias e altares.
Venho à fala consigo para
pedir a gentileza de me fazer o ponto da situação relativamente àqueles
papelotes que tanto anunciou em tempos recentes. Uns papeluchos escaldantes,
prometendo confissões escandalosas (o que me pelo por um bom escândalo!)
Julguei perceber que era uma
enorme papelaria, a ocupar muito espaço, resmas e resmas.
Os seus persistentes
anúncios, puseram-me curioso, e aguardei a roer as unhas, que fosse feita a
revelação prometida (e quem promete, se é cumpridor, da palavra, paga).
O tempo passou, entrámos na
"silly season" (cá por mim que ninguém nos ouve, acho que estamos nela vai para séculos), e nada. Já
ganhámos um europeu de matraquilhos, os fogachos andam a fazer das suas, e
quanto à papeleta, népias! (que é uma palavrota meio desconxavada, mas gosto
dela).
Pergunto-me: será que teve o
descuido de deixar a janela do seu escritório aberta, e numa diatribe do vento,
o papelame se pôs a fazer de pássaro, a voar para a liberdade, para onde não
pode ser apanhado?
Compreendo a sua frustração -
eu próprio também estou nesse estado -, tanta novidade a dar, e ela a
escapar-se pelos interstícios de uma janela descuidada.
Se ao menos tivesse escrito
alguns nomes num caderno, que nos pudesse revelar, só uns, meia dúzia !?
Caro Pedro, agora que somos
conhecidos, não levará a mal que de vez em quando me chegue à palavra, a saber
notícias suas, cumprimentando-o, e quem sabe um dia destes novos papiros venham
pousar na sua mesa de trabalho, e em falando consigo, peço notícias sobre esses
conteúdos, picantes certamente.
Venham daí esses ossinhos, e
caso seja apropriado, votos de umas boas férias.
Como sempre um comentário a tempo e horas, só que as entidades a quem é dirigido têm os relógios parados.
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