Ó Portugal, Portugal! Ó Portugal português! Olha bem para ti
e diz-me o que é que tu vês?
Medita um pouco e vê o que tanto infiel te fez.
Vês as artimanhas de uns tantos no Pontal ou em outro igual
local. Outros vão ao hospital e, se o caso não for fatal, encontrar-nos-emos em
um qualquer festival.
E neste tempo estival, procurando o apetecido, até um
falecido pode fingir que está vivo.
Mas a Natureza, não! Anda à mercê dos luciferes.
E vês tanta gente, apelidada de bonita, belamente bronzeada
e melhor tonificada, contrastando com a dita arraia-miúda, tisnada pelos
incêndios, que incendeiam sem cessar tudo que pela frente encontra.
Neste país, pelo menos a duas velocidades, tudo é possível:
é óptimo para tanta gente ‘bonita’, e horrível para a sempre espezinhada
arraia-miúda.
José Amaral
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