Nada fácil uma entrevista ao nosso Presidente. É natural que os jornalistas procurem uma falha no optimismo de M.R.S., só assim poderão fazer títulos e atrair a atenção dos leitores. Marcelo eleito por larga maioria e sem apoios partidários, encara a sua nova função acima da política e não deseja intervir nem nas competências do Governo nem nas da Assembleia Nacional. Até hoje, ninguém soube como ele interpretar tão bem os limites das suas competências, contribuindo para a estabilidade política, a busca de consensos, colocando em relevo todas as tendências positivas da actual situação. A tarefa era portanto difícil mesmo para bons jornalistas em face de um interlocutor tão bem preparado e experiente. Dito isto, não se pode concordar com "lideranças da oposição fortes e a durarem uma legislatura". Que mal há se o presidente do maior partido da oposição for substituído durante a legislatura? No centro e norte da Europa viram-se mudanças nas lideranças da oposição mas igualmente nos chefes de governo durante uma legislatura, sem que daí resultasse crispação ou instabilidade política. Pense-se por exemplo na 4.ª Republica Francesa, antes do General De Gaulle. Os deputados do norte da Europa não têm o mesmo dever de disciplina e são mais idosos. A nossa democracia é ainda muito jovem.
Raul Fernandes
(Público, 25.1.2017)
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