Indiscutivelmente, Mário Soares marca uma época na História das democracias europeias, não só pela sua acção na denúncia e luta contra a ditadura portuguesa, mas também pela absorção dos ideais de preocupação social, conjugando -os com espírito de tolerância, fazendo antever uma sociedade de liberdade ampla, vanguardista, culta, aberta às diversidades, ideais esses que soube reter e desenvolver através do convívio, do estudo, com grandes pensadores, muitos seus contemporâneos e amigos, das mais diversas áreas do Saber e da Cultura.
Daí, com naturalidade intrínseca de um povo grato e orgulhoso, ter tido Honras de Estado na sua Homenagem Fúnebre, onde compareceram grandes Individualidades dos mais diversos cantos do mundo e das mais diferentes sensibilidades políticas e da cultura em geral.
Assim sendo, foi com extraordinária estupefacção que assisti ao mar de gente que, por vingança política, inveja, baixos sentimentos ou, simplesmente, ignorância, fizeram desaguar uma enxurrada de insultos, de ofensas, de ataques mesquinhos e boatos inverosímeis, através de alguma comunicação social e das redes sociais, exactamente nos dias decretados de luto nacional.
É que, se algumas razões alguns dos seus críticos possam ter, também é verdade que tiveram, em liberdade, quarenta e dois para o fazer, e muitos não o fizeram com a violência demonstrada em três dias.
Também não esqueçamos uma larga percentagem dos actuais críticos foram outrora seus apoiantes, quando estrategicamente lhes era favorável. Talvez a sua coerência tenha produzido alguns inimigos, coerência que demonstrou ao criticar esta actual UE que se desviou daquela que ele ajudara a fundar.
Temos pela frente uma caminhada com muitos pedregulhos para arrumar, se queremos uma sociedade verdadeiramente tolerante, justa, respeitosa, cívica e livre, o que verdadeiramente ainda não somos como ficou provado.
Barros Correia
(JN, 25.1.2017)
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