“A
nova PPP: Parceria Presidente Primeiro-ministro”.
É
o título de um artigo de cariz claramente político, no Público de 24/1/2017, da
autoria de João Miguel Tavares (JMT).
Quanto
ao que (quem) é objecto do artigo, o título diz tudo. No que respeita ao objectivo,
presume-se que seja, pelo menos, faltar(-lhes) ao “respeitinho”, visto que o
título da coluna que o Público reserva ao autor do artigo é “O respeitinho não
é bonito”.
Este
nome da coluna assinada por JMT até me é muito simpático. Não obstante o que
isso já me causou na vida, sempre também achei (como continuo a achar) que “o
respeitinho não é bonito”, eu que vivi
28 anos da minha vida onde, durante 48, senti-o bem, ai de quem
“faltasse ao respeitinho”.
Por
isso, não vejo que venha mal ao mundo (bem pelo contrário) que alguém, no plano
pessoal, “falte ao respeitinho” ao professor Marcelo Rebelo de Sousa (MRS) ou ao
Dr. António Costa (AC). E mesmo que seja já não só ao “respeitinho” mas ao
respeito, isso não tem que ser julgado politicamente mas, sim, quando muito,
moral ou penalmente.
Não
tenho qualquer ligação pessoal ao professor Marcelo Rebelo de Sousa nem ao Dr.
António Costa, nem, individual ou politico-partidariamente, alguma vez fui apoiante
de qualquer deles para os cargos que agora ocupam. Daí que não me seja muito
relevante que alguém falte ao “respeitinho”, ou ate ao respeito, a MRS ou a AC.
Porém,
no tal artigo, na minha opinião, JMT mais do que “faltar ao respeitinho” a MRS
e AC, falta ao respeito aos cargos políticos que estes assumem, falta ao
respeito ao Presidente da República e ao Primeiro-ministro, inserindo estes
dois cargos (e, sobretudo, o relacionamento político entre eles) no significado
pejorativo das famigeradas PPP.
E
faltando ao respeito a esses cargos, falta-me ao respeito (pelo menos) a mim,
como cidadão tendo esses cargos como estruturantes de um regime republicano e
democrático que me representa, do qual faço parte e para o qual contribuo.
Compreende-se
que o sr. Tavares, para cumprir o contrato com o Público em alimentar a tal
coluna (pelo menos com o título que esta tem) tenha que (e ainda bem) arranjar
alguma coisa (ou alguém) para “faltar ao respeitinho”, tanto mais que, se não
por outras razões, talvez por causa de algum downsizing de colunistas e jornalistas que se tem verificado, é de
presumir que, como é da “boa” gestão, a Direcção do Público lhe tenha
(sobre)intensificado (em ritmo e incisividade) o trabalho.
E
daí que, provavelmente, com tanto afã em “faltar ao respeitinho”, JMT possa nem
se dar conta de que já enviesou a “produção” para faltar ao respeito e não já
só ao “respeitinho”. Ou, então, apesar de reconhecer que só o “respeitinho” (e
não também o respeito) é que “não é bonito”, pragmaticamente (coerente com a ideologia
de que se afirma), pensando no contrato que tem com o Público, relativiza isso
com o (auto)argumento de que “o dinheirinho é muito bonito”.
Os
leitores do Público (e sobretudo aqueles que, como no caso do artigo visado, também
como cidadãos, se sentem desrespeitados) é que não têm culpa disso.
Não
tenho a certeza de que este texto seja publicado (ou, pelo menos, todo
publicado), eventualmente, por ser considerado que falta ao “respeitinho” (já
que, seguramente, ao respeito não falta) à “linha editorial” do Público.
É
pena, porque, leitor (e pagador) assíduo do Público desde o seu primeiro
número, há mais de 26 anos, também não tenho a certeza se (ainda) tenho no
Público colunistas ou jornalistas (como, por exemplo, José Vítor Malheiros,
Paulo Moura ou Alexandra Lucas Coelho…) que (melhor) respondam ao sr. Tavares
com o mesmo espaço e destaque.
João Fraga de Oliveira,
Santa Cruz da Trapa
(Enviado
via e-mail ao Público – secção Cartas ao Diretor – às 16,15H de 24/1/2017)
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