(Carta enviada hoje a Paulo Baldaia e Paulo Tavares, Diário de Notícias)
Lisboa, 1 de Março de 2017
Sobre as cartas do leitor no DN
Exmos Senhores,
A pior das indelicadezas, para não utilizar a palavra grosseria
(muito mais apropriada ao caso) é não responder.
Omitir.
Os indivíduos ou instituições que omitem, desobrigam-se,
isentam-se, exoneram-se, esquecem-se do outro.
E ao fazerem tudo isto, estão afinal a encafuar-se, a
desprezar-se, a excluir-se, eles/elas próprias.
Descuidar quem se acerca de nós, é estar a pedir que um dia se
fique esquecido, postergado, preterido, ufanamente OMITIDO.
Quando alguém escreve a outrem a pedir explicações, elas devem
ser dadas, e eu, como outros que sei, temos vos escrito muito, pedido resposta,
que não vem, nunca.
A decisão claro, é sempre vossa. Quer dizer, vossa ou de quem
vos paga a jorna. Mas se o interesse final é que os jornais sejam um circuito
fechado só para os membros de uma comunidade alienígena de interesses comuns,
então deixem de os publicar.
Não vale a pena, e como as coisas estão, ou seja, como vocês as
estão a pôr, tão sensaboronas e viciadas, o desinteresse do consumidor
rapidamente será absoluto. Se é que ainda não viram isto, o que duvidamos
porque viram, mas não querem saber.
E mesmo que a democracia seja uma utopia, até que desapareça o
último democrata corajoso da face da terra, haverá sempre alguém a contestar as
arbitrariedades do mundo dos homens enviesados.
É a última vez que vão ter o desprazer de receber uma missiva
minha, porque sou dos que têm pouca paciência para estar continuamente a
repetir a mesma coisa sem eco.
O mundo está hoje tão sobrelotado de lerdaços que ocupam
pequenos e grandes poderes em todas as áreas da actividade humana, que está a
conseguir o impensável de em poucas décadas, nivelar a limites mínimos todo o
progresso e evolução intelectual da humanidade nos últimos milénios.
Da última vez que vos escrevi, pedi ao Director “decência”. Desta
vez, concluo explicando em palavras simples para ser mais fácil, o significado
deste atributo:
Dignidade;
modo de agir de quem segue as regras morais e éticas; honestidade; expressão de
concordância ou de modéstia; decoroso.
Espero e desejo que não passem nada bem (não é um desejo de que
algo físico ou catastrófico vos achaque) minados por uma réstia de desconforto
causado pelos ecos já ténues de uma consciência cada vez mais arredada do
espaço e volume ocupado nas vossas cabeças pela massa cinzenta e opaca que vos
está a carcomer, desnorteando-vos como persona, a maior ambição de apuramento
do homem.
Descumprimento,
Luis Robalo
obrigada pela participação, Luís!
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