quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

É a gestão, stupid

Enquanto Ministro da Saúde, Paulo Macedo mereceu de variadíssimos sectores de opinião, alguns dos quais perfeitamente insuspeitos, grandes elogios quanto à bondade da sua acção governativa. O trauma dos portugueses, na altura, era de tal maneira que, se ele “cortasse” ainda mais, tudo lhe seria “perdoado”. Granjeou até simpatias inesperadas, aquando do episódio do doente com hepatite C. Aos comandos da CGD, avisou logo de que, para cumprir o programado com Bruxelas, havia que aumentar comissões. Resignados, os portugueses encolheram os ombros, coisa em que são, efectivamente, grandes especialistas. Com tanto de facilidade como de insensibilidade, o “magnífico gestor” resolve insistir, talvez porque só conhece aquela receita, mais nenhuma. Dirige uma empresa que, na essência, é monopolista. Os clientes não lhe podem fugir porque, a fazerem-no, caem na mão de quem gosta de vestir penas de abutre. Portanto, com a clientela bem presa, o que faz? Aumenta os preços. Não contente com isto, reduz os serviços prestados, fecha balcões, corta efectivos. Aposto que vai conseguir resultados positivos. Será que ainda espera encómios e comendas por gerir desta maneira um banco que, por ser público, deveria navegar noutras filosofias de gestão?   

Público - 05.02.2018

3 comentários:

  1. Menos mal se conseguir pôr aquilo depressa a dar lucro; sendo o Estado o único accionista, espera-se que o dinheiro "surripiado" ao povo acabe por voltar para ele por outras vias...

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    1. Partilho o seu desejo de que “aquilo” saia dos prejuízos. Mas, o que me levou ao texto que escrevi foi o seguinte:
      1. Custa-me ver tanta gente de baixos recursos – bem sei que os de “baixíssimas” posses estarão isentos -, quase obrigada a ser cliente da CGD, a ser espoliada de verbas que, ainda que pequenas, terão, certamente, influência nas suas próprias vidas.
      2. Irrita-me a banalização da receita para a solução: “sacar” dinheiro onde quer que ele esteja, sem preocupações de qualquer outra ordem.
      3. Mais ainda me irrita a “normalização” daquela ideia peregrina do “utilizador-pagador”, fora do contexto do sector privado a que pertence, quando aplicada ao sector público, sugerindo que é tudo a mesma coisa. Mas não é.

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  2. E a coisa é tanto mais perversa quanto, mesmo que as pessoas pudessem e quisessem mudar para outro lado, iriam pagar por lá a mesma ou mais gravosa "franquia"...

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