domingo, 8 de abril de 2018

E se…?


Imaginemos que um governo em dificuldades, sem atinar com a saída do Brexit em que se meteu, revolteando na cama das dúvidas, entrevê, na bruma do sonho, uma luzinha tremelicante em forma de “verdade” - que até pode ser fake! – que, certamente, virá a empolgar a maioria dos “aliados”, sequiosos de ouvir patranhas úteis. A etérea inspiração, brilhantemente descoberta naquela bruma, até poderia fluir de um gás, de preferência neurotóxico, de muito difícil obtenção. Calhava bem era que aparecesse um Skripal qualquer, convenientemente desprevenido, a quem o aplicar, e, depois, um refinadíssimo e incontestável patife a quem imputar o crime. Putín ajustar-se-ia perfeitamente ao papel de “saco de boxe” dos punhos unidos de uma Europa arisca que, assim, desviaria alguma atenção ao castigo a infligir à separatista e pérfida Albion.

Quando há crime, os detectives não descuram o móbil. Que lucraria Putín com o assassínio do ex-espião duplo, sobretudo depois de ter desbaratado tantas oportunidades de o cometer, com ele ali mesmo à mão, nas suas próprias masmorras? E logo agora, com o Campeonato do Mundo de futebol à bica? Não se vêem muito bem os ganhos...

E se…? Não, não me atrevo a concluir a pergunta. Mas não consigo alijar a pergunta que, mera hipótese académica, me oprime, sobre o que ganharia o governo de Theresa May e do descabelado Boris Johnson com o embuste. Parece-me que muito…

JN - 08.05.2018, com o título modificado para "O sonho de Theresa", e com pequenas alterações. 

4 comentários:

  1. De facto, apesar de Putin ser catedrático no que há de mais sórdido, sendo capaz daquilo e muito mais, a sua dúvida faz todo o sentido...

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    1. Gosto tanto desse professor catedrático que não descanso enquanto não o vir promovido a jubilado. Quanto aos governos, sejam eles quais forem, em matéria de espionagem, estou à espera de que algum venha, com verdade, provar-me que é mais “limpinho” do que outro qualquer.

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  2. Gostei do seu texto, José, porque é um exemplo vivo do que já vai sendo difícil de encontrar e se confirma na resposta que deu ao Amândio Martins: independência crítica, sem "parti-pris" dogmático a antecedê-la e a condicioná-la.

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    1. Fernando,
      Obrigado pelo seu comentário. Dá para ver que as "férias" não conseguiram "desorientá-lo".
      (Desculpe a "blague").

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