terça-feira, 17 de abril de 2018

O PATRÃO

Fala-se de trabalho na confeitaria. De empresas, de empresários, de carga fiscal, de facturação, de máquinas, de obras, de lucros, de custos. A conversa não me agrada. Prefiro olhar para C., dona do balcão. Acabei o Fichte. Esse, sim, entusiasmou-me. Um filósofo que não conhecia. "Lições Sobre a Vocação do Sábio seguido de Reivindicação da Liberdade de Pensamento". Agora tenho Lenine sobre Marx para ler. Se não fosse o problema do dinheiro, até estaria bem. Embalar e facturar, diz o patrão. Merda do dinheiro. Bom, hoje gasto pouco. Começo a controlar. Eu que me dedico à busca da sabedoria. O patrão não se cala. Agora fala de petróleo e de Angola. Eu falo de liberdade. Ontem andei hesitante. Demoro a reagir. Os pequenos, às vezes, aproveitam-se das nossas fraquezas. O patrão finalmente foi embora. F. passa. Os futeboleiros na televisão. C. teoriza. Exibe-se. Horas de partir.

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