quarta-feira, 25 de abril de 2018


O mais impressivo daquele “25”


Saí de casa, em Santo Tirso,  mais cedo que o habitual, porque a viajem programada era comprida, até Cinfães e Resende; como não tinha o hábito de ligar rádio de manhã, para não acordar quem dormia, e no carro não havia, só soube que algo se passava quando cheguei a Entre-os Rios, onde parei para tomar café e logo estranhei aquelas marchas militares, o ar preocupado das poucas pessoas que estavam, ouvindo os comunicados...

Continuei o caminho até cumprir na totalidade o programa do dia, ouvindo acerca do que se passava os comentários mais díspares. Na volta, ao fim da tarde, chovia ligeiramente; na descida de Penafiel para Paredes, estrada de “paralelos” muito polidos, em frente a uma escolinha que lá havia, invadiu a minha faixa uma viatura que subia, não conseguindo evitar um pequeno toque.

Verifiquei tratar-se de um casal idoso, que viajava do Porto para passar uns dias na casa da aldeia, segundo me disseram, mas sem nenhum comentário acerca do que se passava; o senhor desculpou-se por me ter incomodado e entregou-me um cartão, que meti ao bolso e entreguei-lhe também um cartão meu; pediu-me que lhe mandasse a conta da reparação, mas não fiquei nada preocupado porque dava para ver que era coisa de pouca monta -  só em casa verifiquei que se tratava de um militar, naturalmente reformado, com a patente de coronel - e foi isso que concluí dois dias depois, com uma ligeira lixagem e um pouco de spray da cor original.

Já em casa, com a RTP, pude aquilatar da importância daquele dia, obviamente sem poder perceber bem toda a dimensão dos acontecimentos; bom, e a partir daí, já todos conhecemos tudo até hoje. Só mais dois pormenores pessoais: o  meu filho, prestes a completar dois anos, tornou-se “estrela” do lugar a cantar “Labolabolena”, que era a sua “versão” da Grândola, tantas vezes a ouvíamos; o coronel, passados dois meses, telefonou-me, muito preocupado, por ainda não ter recebido a conta do “prejuízo”que me tinha causado; desculpei-me por lhe não ter dito nada, que eu próprio tinha resolvido, que ficasse descansado ...


Amândio G. Martins

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