Estava no centro da verdadeira razão que espoletou o 25 de Abril: a guerra colonial. Tete, norte de Moçambique, messe de oficiais. "Desenfiado" por uns dias, tomava café com dois ou três colegas que estavam colocados no Hospital Militar local. Ao aproximar do coronel comandante da ZOT ( Zona Operacional de Tete), levantá-mo-nos como era regra e, quando nos preparávamos para fazer a continência...recebemos uma sonoro "bom dia doutores, deixem-se estar sentados!".
Olhá-mo-nos com surpresa interrogativa, pensando: aqui "há gato", isto não é normal! Nós, civilistas até à medula, sabíamos bem do gosto castrense pela disciplina dos gestos e portanto... tinha sucedido algo. Pois tinha, foi o 25 de Abril!
Ainda permaneci mais dez meses na colónia, ainda estive para morrer num ataque da Frelimo a 25 de Junho mas... isso já pouco importa. A porta tinha-se aberto e nunca mais se fecharia. Os militares, espartanos, com a organização "minada" por dentro, "catequisados" por milicianos mas, acima de tudo, cansados, fizeram o 25 e tornaram-se... herois! A democracia veio por arrasto mas ainda bem pois de ditadura estávamos todos fartos! O que se fez daquela, isso é outro assunto, bem importante, mas outro. Aliás o importante era que o regime "desse o berro" e deu para todos nós. Para mim foi em Tete, norte de outro país e fardado.
Fernando Cardoso Rodrigues
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