Modificar o mundo e a vida-Roger Garaudy
...”Porque a conquista do poder por um partido, realizando
nacionalizações, quaisquer que sejam as suas virtudes, se as massas não estão
preparadas para as tarefas que essa mutação comporta, se elas delegam e alienam
o seu poder em dirigentes que pensam e decidem em seu nome, não conduzirá a uma
democracia socialista, a uma autodeterminação dos fins e a uma autogestão dos
meios de produção; os dirigentes determinam os fins e julgam sobre a repartição
da mais-valia.
Uma vez mais se confirmará a lei maldita: em todas as
revoluções da história, em todas as lutas de classes entre a classe oprimida e
a classe dominante, nunca a classe oprimida chegou ao poder. A revolução terminou sempre pela subida ao
poder duma terceira classe: a longa luta
dos escravos contra os seus senhores não resultou na vitória dos escravos, mas
na instauração do feudalismo; a luta dos servos contra os senhores feudais não
resultou na vitória dos servos, mas na da burguesia; a luta dos operários
contra a burguesia não resultou na vitória dos operários, mas, na URSS, num
poder monopolizado por um tecnoburocracia.
Os mais célebres romances chamados de antecipação, tais como
“Admirável mundo novo”, de Huxley, ou 1984, de Orwell, não são de modo algum
utopias criadoras do futuro: apenas evocam, por extrapolação, o que será o
descaminho catastrófico do nosso mundo se continuarmos no impulso actual, quer
dizer, sem que em momento algum intervenha uma escolha humana, uma decisão humana
sobre os fins.”
Nota-O livro de que transcrevo estes parágrafos é de 1972,
de Publicações D. Quixote.
Roger Garaudy foi membro da Comissão Política do PCF.
Amândio G. Martins
Esqueceu-se de mencionar o título do livro referenciado.
ResponderEliminarDeixei no "cabeçalho" o subtítulo, "Modificar o mundo e a vida"; mas faz sentido a sua observação: "A alternativa" é o título da obra.
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