sexta-feira, 8 de junho de 2018

35 horas para todos, um necessário avanço civilizacional


Em 18.Maio.2018, PS, PSD E CDS na Assembleia da República, impediram a redução do horário para 35 horas para todos os trabalhadores por conta de outrem, rejeitando os projectos de lei com esse objectivo do PCP, BE, PEV e PAN.
PS, PSD e CDS recusaram a possibilidade de uma vida com mais qualidade, de compatibilização da vida profissional com a familiar, duma vida equilibrada e feliz para os trabalhadores, que a redução do horário de trabalho semanal proporcionaria.
PS, PSD e CDS contrariaram preocupações sobre evitar sofrimento às pessoas, que dias depois, algumas das suas posições pseudo modernistas ou humanistas pretendiam reflectir, no debate sobre a eutanásia. Neste momento, mais do que a eutanásia, a redução do horário constituiria um passo em frente no necessário avanço civilizacional.
Em 1971 foi estabelecido o horário semanal de 48 horas. Após o 25 de Abril de 1974, através da contratação colectiva e reivindicações nas empresas a maioria dos sectores conseguiu 45 horas e mesmo horários inferiores, em actividades de serviços como a banca, seguros e comunicação social, e também os dois dias de descanso semanal. Em 1991, a lei estabeleceu como máximo as 44 horas e em 1996, passou para 40 horas.
Na administração pública, desde 1998 consagrou-se as 35 horas. Em 2013, PSD/CDS aumentaram para as 40 horas e em 2016, foram repostas as 35 horas.
Nas últimas dezenas de anos o desenvolvimento científico e tecnológico permite que se produza mais e melhor com menos pessoas. Tal não pode só reverter em mais lucro para as empresas, mas tem que constituir igualmente um factor de progresso na justiça social.
As 35 horas para todos, ajudariam a combater o desemprego com a criação de mais emprego, reduziriam ritmos de trabalho desenfreados e as suas consequências físicas e psíquicas na saúde e permitiriam a neutralização de doenças profissionais.
É pena que o PS contradizendo discursos e alegadas intenções, impedisse uma vez mais um necessário avanço civilizacional e de justiça social, não metendo na gaveta a política de direita.


6 comentários:

  1. Tenho consigo uma concordância e uma discordância. A primeira no que ao título e à sua decorrência concerne. A segunda é por ter trazido para aqui considerações políticas sobre a eutanásia. É que, para além da sua inserção num texto sobre o trabalho ser deslocada, nem sequer pronunciou o nome do PCP que também tomou posição sobre o assunto. Humanista? Pseudo-modernista? Ou tão somente... comunista? Curiosamente, igual à do CDS e da maioria do PSD no voto e nas suas consequências.

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  2. Quem votou contra as 35 horas, foram o PS, PSD e CDS, não se preocupando com o bem estar que podiam proporcionar e sofrimento que podiam retirar às pessoas. Não fiz considerações políticas sobre a eutanásia, mas sobre posições contraditórias de partidos.

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  3. Foi o Ernesto Silva que disse "...mais que a eutanásia...". Ao valorar comparativamente, toma já uma posição política. E civilizacional. Olhe, eu votaria votaria sim às 35 horas e à despenalização da morte assistida, e não me vejo como um "troglodita". Mas isso sou eu que acho que nem tudo o que é "bom" para a sociedade ( a pensada por alguns...) é bom para o indivíduo. E, no caso da morte assistida o que há são indivíduos (seres únicos, mesmo que poucos)) que QUEREM uma coisa para si e por sua livre decisão. E "daria" liberdade de voto aos deputados, pois em situações destas... blocos são posições políticas, ora se são! E vou mais longe, pouco "civilizadas". Assim (como sempre, mais cedo ou mais tarde) coincidem posições antagónicas mas que querem o mesmo: o ser humano sob tutelas, diferentes mas nisso coincidentes.

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  4. Só depois de escrever o meu último comentário, vi que o seu texto vem publicado no PÚBLICO de hoje. Pelo que o felicito. Mas deu-me para pensar que, embora chegue a muito menos pessoas, um texto no blogue tem a vantagem de tornar possível um diálogo, contraditório ou concordante, que fica impossível quando sai somente no jornal. Desculpe este aparte que, obviamente, não tem nada a ver com o que discutimos, só vem a propósito.

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  5. Ontem não tive oportunidade de vir ao blogue. Respeito as posições favoráveis à eutanásia. Tenho dúvidas da oportunidade do debate e da decisão, numa sociedade aonde são muitas ainda as carências na saúde e noutras áreas sociais, que provocam sofrimento e falta de bem estar a milhões de portugueses. A Assembleia da República discute leis para aplicar no País e não aos 250 deputados. No nosso sistema eleitoral as pessoas votam (ou deviam votar) nos programas que os partidos apresentam para a sociedade e sobre as diversas questões, e os partidos devem ser obrigados a respeitar os seus compromissos eleitorais e não fazer o contrário, enganando eleitores (como já tem acontecido). Imaginemos um partido que se apresentava ao eleitorado contra a eutanásia e depois com liberdade de voto os seus deputados votavam a favor... criava-se uma situação paradoxal e inaceitável.

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  6. Concordará comigo que, num blogue, o debate não se pode eternizar. Daí que fique por aqui. Até porque o que dissemos chegará, para quem nos ler, tirar conclusões sobre a posição de cada um de nós em relação ao(s) tema(s). O que é bom.

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