Está
em curso mais uma campanha do Banco Alimentar Contra a Fome. Num
país em que cerca de 1 quarto da sua população (2,4 milhões), é
pobre, ou em riscos de pobreza, num país em que 2 milhões de
pessoas ganham menos de 400 euros por mês e, metade destas, ainda
menos de 250 , não falta “clientela” a este e a outros
peditórios. Não falta quem passe a vida a apertar o cinto. Quem não
o aperta, é a rapaziada do futebol. Alguns, muito pelo contrário!
Como, por exemplo, o treinador da Seleção que viu o seu pecúlio
aumentar quase para o dobro depois do novo contrato de trabalho,
arrecadando agora, a módica quantia de 2, 25 milhões por ano. Dirão
alguns, que é a Federação que lhe paga, portanto, que mal virá
daí? E quem paga à Federação? Vem mal, sim senhor! Direta ou
indiretamente, quem paga, é o contribuinte. Muitos dos que ganham
centenas de vezes menos que o selecionador/treinador. Mas quem é que
se importa com esta obscenidade? O Zé Povinho, não! O Zé, quer é
vitórias da seleção e do seu clube! Protestar, só contra os
políticos. Todos os políticos. Desde o PR ( com exceção do atual
porque distribui muitos abraços e beijinhos e tira selfies com toda
a gente) até ao membro da Assembleia de Freguesia. Mas depois,
manipulado por eles, elege sistematicamente os mesmos, os da
continuação, os do sistema.
Começou
agora também a “campanha da Rússia”. E o Zé vai ficar colado
aos écrans na ânsia de mais um golo de Ronaldo e companhia. E
esquece tudo. Esquece que a mulher espera e desespera por uma
consulta no especialista há mais de 3 meses, esquece o desemprego do
filho, quanto à filha, ainda vai ajudando a endireitar a escrita,
com um ou outro part-time, diz ela. Mas no fundo, sabe Deus como...
Portanto, esquece mesmo tudo. E quando a coisa aperta ainda mais, vai
a Fátima a pé, o último quilómetro, a rastejar, como na guerra em
Angola, pedir a Nossa Senhora que o alivie a si ,à mulher e aos
filhos. E, já agora, patrioticamente, também para que façamos boa
figura no mundial. Quiçá, até mais! Que sejamos campeões do
mundo. E depois, bem, depois, volta a apagada e vil tristeza.
Francisco
Ramalho
Corroios,
3 de Junho de 2018
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