Salazar, pelo menos durante os primeiros 20 anos terá tido uma ambição de
serviço público, que depois se transformou numa luta permanente para conservar
o poder. Mário Soares, Cavaco Silva, António Guterres e Pedro Passos Coelho
tiveram mandatos em que se constatou uma preocupação com o serviço público, que
o povo eleitor espera dos seus representantes eleitos. Nestes últimos anos do
actual século, estamos a vivenciar uma nova postura dos políticos dirigentes
dos actuais partidos, pelo menos nos casos já verificados em Portugal e agora
na vizinha Espanha. É que estes políticos de agora estão prontos a abjurar
todas as suas anteriores convicções e ideologias políticas, se em resultado
disso conseguirem alcandorar-se ao poder. António Costa em Portugal nem terá
pensado um instante, depois de perder as eleições, que todos os seus anteriores
camaradas secretários-gerais do PS nem sequer falavam com o Partido
Comunista e desprezavam o BE. O acesso ao poder imediato, e conseguir
afastar Pedro Passos Coelho que tinha acabado de vencer a disputa eleitoral,
falaram mais alto. Agora em Espanha, Pedro Sanchez acaba de rasgar todas as
suas anteriores convicções, inclusivé em relação ao País basco e Catalunha,
para escorraçar Mariano Rajoy, que o havia derrotado na disputa eleitoral de há
um ano e meio. No fundo, estes líderes não sabem bem o que querem para Portugal
ou Espanha, apenas que tudo sacrificaram ao objectivo de derrubar os partidos
no poder. Convenhamos, que se na legalidade constitucional isto é legítimo, na
moral dos bons usos e costumes, é pelo menos muito lamentável. Não constitui
seguramente um bom exemplo para os mais jovens se interessarem pela política,
coisa de que andam arredados há muitos anos.
Relembro que não há eleições para o cargo de primeiro ministro mas sim para a composição dos parlamentos. E que é nas Constituições que residem as normas que permitem a formação dos governos, estando estes dependentes da votação naqueles parlamentos. As diversas Contituições variam e, na espanhola existe uma norma que permite a moção de censura construtiva ( acho que é assim que se designa ) que permite o que agora se passou. E que as duas Constituições, portuguesa e espanhola, são democráticas. Isto no que à estrutura democrática e legal concerne.
ResponderEliminarLateralmente, mas advindo do que escreveu,não vi ninguém a abjurar de convicções e de ideologia. Vi sim partidos que usaram as suas prerrogativas constitucionais e conseguiram apoios para governar, enquanto outros, mesmo sendo mais votados não o conseguiram. E, pelo menos em Portugal, o PS sabia muito bem o queria para o país, como se viu pelos resultados até à data. Termino com uma nota de rodapé que, para si foi nota de abertura: Salazar nunca fez serviço público, nem sequer o tentou. Isto porque fazer serviço pública nunca. mas nunca, engloba ser ditador e oprimir o povo, mesmo que seja para "pôr as contas em dia".
Eu já me habituei a que para muitos que pôem o ódio pessoal à frente da análise serena da história, o período de 1926 a 1974 foi o mais negro de toda a história portuguesa, onde só se perseguiram e mataram inocentes, ninguém podia abrir o pio, era logo preso e torturado no Tarrafal. Interessante, que o único historiador isento (Francisco Ribeiro de Menezes) que até hoje li sobre esse período, tira conclusões bem diferentes, designadamente sobre o caos da "famosa" I República, em que se liquidavam adversários políticos em plena via pública e a anarquia era total. As finanças públicas eram também um caos e Salazar foi chamado de Coimbra, onde era um simples universitário, nunca havia sido político nos partidos do poder. Agora sobre a sua opinião sobre a validade jurídico-constitucional das "geringonças" de Portugal e agora de Espanha, eu já o havia declarado. Eu apenas falei de convicções, ideologia, princípios, que parece estarem fora do pensamento dos políticos (todos) que temos, aqui e lá fora.
EliminarPara saber da "democracia" que existia desde 1910-1926, também devemos conhecer "Portugal-Ensaios de História e Política, de VPValente, muito elucidativo sobre golpismo, manobras anti-constitucionais e quejandos, permanente dia-a-dia da I República. Sobre o Sidónio, também um bom exemplo democrático. Depois queriam que de repente, em 1926, se tivesse passado para uma democracia como em Londres. Não vale a pena, o maior cego, é o que não quer ver. Eu nasci em 48, em 1974 era bem adulto, casado e com um filho. Fui sempre contra Salazar, designadamente na Universidade, que era um coio da oposição. Tive ficha na PIDE, por certamente ter vituperado o regime, mas nunca fui preso. É claro que se tivesse sido num país das "democracias" comunistas, ter-me-iam neutralizado definitivamente, mas isso não tem importância, porque as ditaduras, quando são de "esquerda", são boazinhas...
EliminarVejo que quase toda a sua verve se desloca para falar apologeticamente dum período e duma figura que não vejo como bons. Também nunca designaria como "único" e "todos", nem historiadores nem políticos. Quanto à frase final do último comentário, diga-a quem quiser mas, como é feita a um comentário meu, mostra bem que não leu muito do que aqui tenho escrito, que não é o que se passa comigo quanto ao que escreve. E de que me vou lembrando bem.
EliminarMas que grande confusão.
ResponderEliminarSalazar foi quem foi. Morreu. Paz à sua alma. E à de Franco. E à de Mussolini. E à de Stalin. E à de Hitler. Se é que a merecem.
Conheci Salazar. Não pessoalmente, mas, aos 10 anos, usei o "S" no cinto da Mocidade. Mais tarde, chegado à vida pré-adulta, desprezei-o. Sentimento que mantenho até hoje e, penso, para sempre.
Que tem ele a ver com as disputas democráticas, legais, nos actuais regimes de Portugal e Espanha? Multipartidários.
Não há confusão nenhuma, apenas comparação sempre que os modernos “democratas” invocam essa falsa qualidade, quando estão cheios de tiques e atitudes totalitárias. Por isso não resisto a invocar o velho ditador, que nunca, mas nunca, se intitulou falsamente “democrata”. É isso que me irrita, confesso. A mentira, a falsidade, destes políticos, armados no que não são nem nunca serão, democratas. E porque talvez tenha esperado demais do 25A, a desilusão é maior também, com estes nossos “democratas”. Quer um pequeno mas significativo exemplo? Quando confrontados com qualquer trapalhada deste governo, o PM e qualquer dos ministros, respondem sistematicamente: “...o assunto já foi esclarecido, está portanto encerrado...”. Ora diga-me lá em que democracia será possível encerrar por decreto um assunto. Lá voltamos ao dito cujo ditador: ele é que encerrava os assuntos de que não queria falar. Diga lá que não dá vontade de lhes atirar à cara esta mentira, esta falsidade de “democracia”? E nada melhor do que compará-los como o ditador que tanto desprezaram e insultaram, toda uma geração.
Eliminarsó agora li o texto e os respectivos comentários.Toda a gente aqui conhece algumas "pelejas" que tenham tido com o companheiro de escritas Fernando Rodrigues e continuarei, com certeza, a ter. Mas nunca senti da sua parte, nem pouco mais ou menos, ódio. E o que estava agora em causa, era o período Salazarista e pós 25 de Abril...Enfim! essa do ódio, só lembraria ao mafarrico. E, pelos vistos, não só.
ResponderEliminarEu não quis referir destinatário específico, designadamente na nossa comunidade da "Voz da Girafa". Se quisesse tê-lo-ia feito, sem nenhum engulho. Claro que se alguém enfia a carapuça, nada tenho contra isso. O ódio é amor com sinal contrário. O que me irrita é sobretudo querer ver a História com entrolhos, ou seja, os que só veêm para um dos lados... E sobretudo, não me venham mais com o "políticamente correcto" dos nossos dias: de esquerda, é tudo bom; de direita é só merda!
ResponderEliminarVenho somente repor uma formalidade. Eu intervim a última vez às 9:04 horas de hoje, 2/5. A partir daí há uma resposta de MA ao JR e outra intervenção do FR onde me engloba ( que lhe agradeço no tom). Há ainda outra intervenção genérica do MA que não me merece qualquer comentário.
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