Na mesma jangada...
Como “flutuamos” juntos, portugueses e espanhóis padecem de
muitos vícios comuns, alguns deles deixando os dois povos numa situação pouco
lisonjeira no mundo dito civilizado; e a Justiça é um dos pilares que se
mostram corroídos, com muita ferrugem à vista, por atavismos de toda a ordem.
Ainda há dias nos indignamos com a linguagem
desculpabilizante de abusadores sexuais usada por juízes de um tribunal
superior; num tribunal espanhol, a uma denunciante de violência machista, tratou
um juíz de forma que a comunidade da informação refere nestes termos: “Un juez
se mofa de la víctima, llamando bicho y hija de puta por denunciar a su
pareja”.
Rodrigo Rato, que foi alto quadro do FMI, vice-presidente e
ministro da Economia de um governo de Aznar, criou para si e quantos o rodeavam nas administrações dos bancos “Caja
Madrid” e “Bankia” um cartão de crédito ilimitado para gastos pessoais com o
qual os figurões não se fizeram rogados, gastando à “tripa-forra“ muitos
milhões de euros, distribuídos em “coisinhas” como “lingerie”, que é um nome
chique para cuecas e outras peças de roupa interior, viagens, flores,
comezainas e as mais variadas ofertas porque, segundo afirmaram em tribunal, era
para isso que o cartão lhes tinha sido oferecido, sem qualquer obrigação de
prestar contas.
Esses puros representantes “do que Espanha tem de melhor”,
como se referiu Aznar a Rato, foram julgados e condenados a prisão, com penas
que variam de acordo com o que esbanjaram; todavia, de recurso em recurso, tal
como por cá, os anos vão passando e ainda nenhum “foi dentro”...
Amândio G. Martins
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