Nunca estamos satisfeitos...
Tirando aqueles cumprimentos de carácter profissional, que
obedecem a regras estereotipadas, sobretudo enquanto não se estabelece
confiança mútua, a forma como grande parte dos portugueses se cumprimenta deve
ser única no mundo; na verdade, é difícil ouvir alguém responder, quando
interpelado: “Então, como vai isso? –Bem, obrigado, você também?” De facto, o
que normalmente se ouve é: “ mais ou menos; vamos andando; assim assim”.
Escreve Carlos Brito no “Dinheiro Vivo” que, de acordo com o
Banco Mundial, Portugal teve em 2017 o 36º maior PIB per capita entre 200
países; que, segundo a OMS, temos o 12º melhor SNS do mundo, somos o 19º país
com maior esperança de vida à nascença e temos uma baixa taxa de mortalidade
infantil; somos o 4º país mais pacífico do mundo; ocupamos o 10º lugar no
ranking das democracias e a 41ª posição no índice de desenvolvimento humano.
Apesar de tudo isto, em termos de felicidade percebida ou
declarada, situamo-nos na 77ª posição e
somos o país da OCDE cuja população se revela menos satisfeita com a vida que
tem, coisa que dá para perceber quando observamos as imagens que nos chegam da
rua, com gente sempre a olhar para baixo, “macambúzia”.
Como a insatisfação é
uma característica do ser humano, não me parece que seja necessariamente um
defeito, desde que se manifeste numa procura permanente de aperfeiçoamento e
não na lamúria como forma de estar na vida, no comprar demasiadas coisas que não
são necessárias, passando por isso a viver a crédito, o que significa transferir para terceiros a gestão da vida...
Amândio G. Martins
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