PÚBLICO 01 Outubro
2018
Uma violação nunca é uma ilicitude simples
Estamos a tomar conhecimento, demasiado quotidianamente, de
gravíssimos actos de cariz sexual praticados contra mulheres no nosso país, e
que não têm resultado de modo algum em penas justas e que se coadunem com um
país livre, democrático, igualitário e não machista, como devemos ser.
Mais parece um país misógino e machista, onde só 37% dos condenados
por crimes sexuais cumprem pena de prisão, números estes que são do Ministério
da Justiça e dizem respeito às decisões tomadas pelos tribunais de primeira
instância em 2016, sendo os dados mais recentes.
Nos casos de coacção sexual — um crime que difere da
violação, por não implicar actos de penetração — em que a pena máxima é de oito
anos de cadeia (na violação o máximo é dez anos) as condenações a prisão
efectiva são tão residuais que estão protegidas pelo segredo estatístico.
Há a certeza, contudo, que das 32 condenações por este crime
em 2016 (incluindo as tentativas e os casos agravados) 23 foram penas de prisão
suspensa. Isto é inacreditável.
As sentenças por crimes sexuais sobre mulheres são de uma
benevolência que não se coaduna de modo algum com um tempo de igualdade entre sexos,
de não prepotência de uns/umas sobre outros/ outras, de procedimentos
democráticos, num país europeu.
Augusto Küttner de Magalhães,
Porto
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