A Troika de Lisboa
No dia 11 de Agosto de 1975, em Portugal estávamos em pleno 'Verão Quente' fruto de um PREC (Processo Revolucionário Em Curso) bastante agitado. Nesse dia, escolheu a revista norte-americana 'Time', colocar na sua prestigiada capa nada mais nada menos de que o nosso 'General' Otelo Saraiva de Carvalho, o presidente da república 'vermelho' Costa Gomes e o companheiro Vasco. Como título 'A ameaça vermelha (leia-se comunista) em Portugal' e a subtítulo 'A Troika de Lisboa'. Sim, nós tivemos uma Troika genuinamente portuguesa, temida principalmente na América, pois receavam que Portugal se torna-se nova nova Cuba em plena Europa. Claro que esta não se compara à Troika de que tanto se fala por estes dias. Não se tratavam de simples burocratas que vêm fazer o seu papel e que até têm descoberto coisas bem interessantes que nenhum governante se atrevera de revelar até então (as contas da madeira!), tratavam-se sim de militares que tinham ajudado a derrubar uma ditadura caduca de dezenas de anos e que o povo português, ao contrário do brasileiro, avesso a protestos e indignações públicas, nunca foi capaz de derrubar pelo muito respeitinho que tinha ao seu líder carismático e astuto. Esta é a minha Troika preferida por tudo o que de bom e também de mau fizeram. Da minha visão algo ingénua (nasci em 1961) e romântica naquela altura só tenho pena de não ter tido o esclarecimento necessário para que nas segundas eleições presidenciais tenha votado em Otelo, que era o meu ídolo da Revolução, e não em quem tinha realmente competência e um grande saber para o cargo e de quem, mais tarde, fui admirador. Maria de Lurdes Pintassilgo. Talvez a primeira-ministra mais brilhante que Portugal teve nos últimos anos.
O arrependimento é uma bênção divina que conduz ao perdão. Contudo, o melhor era não precisar dele.
ResponderEliminarPois...bem dizido.
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