Habituar as Pessoas a ouvir e falar! Ao vivo!
Talvez estejamos cada vez menos habituados a ouvir e a falar. Perdeu-se o
espaço e o tempo, dado que se permite que a televisão fale e ouça por nós, e
toda a comunicação seja telecomandada pela tecnológica que desumaniza as
relações entre seres humanos e se lhe sobrepõe.
Temos cada vez menos tempo, ou talvez menos vontade, de ouvir e falar,
entre Pessoas e não entre aparelhos. Quase se torna perigoso dizer isto, quando
mais de meio mundo circula no Facebook, ou seja filtrado, não face a face ao
vivo, e um inquérito diz que só os criminosos, por segurança, não têm página no
Facebook.
E nos momentos que estando juntos deveríamos de facto estar, mormente na
família – assuma-se o que se achar melhor hoje ser a família – não se “põe a
conversa em dia”, deixámos de o querer fazer, e a televisão, fá-lo por nós.
Ligado o aparelho, este capitaliza o tempo e o espaço.
E também claro, o computador, o telemóvel, a playstation, e cada um vive em
torno do seu individualismo que não é ultrapassável, e torna-se um bloqueio a
toda a comunicação frontal, sem aparelhos de permeio.
E os pais não estão ao corrente dos dias dos filhos, estes não desabafam
com aqueles e de repente acontece uma qualquer trapalhada e todos ficam
admirados por não entenderem, como até nos seus casos, foi possível “aquilo”
acontecer.
O ser humano já de si é complicado, complica e faz difícil o que é fácil.
Se não houver uma forma aberta de ouvir e falar para descomplicar, o que por
vezes é o mais difícil, dado que daria espaço e tempo para resolver casos
pequenos dia a dia, quando chegam ao ponto da não resolução, atira-se a culpa
para as Crises e pronto. Nunca a culpa é nossa, nunca assumimos que deveríamos
até nós, também ter sido bem diferentes
Torna-se indispensável – ou não! – de livre iniciativa, sem obrigações
demasiado “obrigatórias, as famílias terem um tempo que vai de 10 a 100 minutos
para tomar uma refeição ao vivo frente a frente, sem televisões, computadores,
telemóveis e playstation. Para colocarem a conversa em dia. Para estarem de facto
”juntos”!
Claro que as primeiras refeições nestas circunstâncias nem 5 minutos devem
durar, uma vez que ninguém estará preparado para estar a falar e ouvir sem ter
algo que foca a atenção de todos, e desvia de todos a centralidade e a presença
humana.
Mas talvez com insistência seja conseguível. Talvez todos venhamos em
pequenos círculos a beneficiar. Talvez o tal individualismo que a todos nos
invade se vá esbatendo. E claro que antes e depois, no trabalho e em lazer,
haverá tempo e até necessidade para toda a nova tecnologia que tanto jeito nos
dá, mas que nos está a transformar em escravos dessa mesma tecnologia, quando a
bem de todos que não da tecnologia - antes, de quem a controla - deveria ser
exatamente o inverso. Talvez seja de ir tentando já hoje, jantar de televisão
desligado e computador, e playstation, e telemóvel. No fim liga-se tudo!
Augusto Küttner
Na minha cozinha não existe televisão. Na minha cozinha que tem uma copa generosa tomamos todas as refeições da semana. Só ao domingo almoçamos e jantámos na sala. Com televisão. Estes almoços e jantares ao domingo nada tem a ver com os da semana. A televisão leva a minha família para longe e eu fico ali sozinho a mastigar o assado. Durante a semana até pode haver dias que nada tenhamos para dizer uns aos outros mas o facto é que sempre se vai falando. De qualquer coisa. Banal ou não. Já pensei em gravar só com som duas refeições distantes para ouvir a diferença. Vamos mudar de casa, e já fui avisando que por irmos ter de fazer as refeições todas na sala para não pensarem que a TV estará ligada. Nem pensar!...E concordaram.
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