terça-feira, 11 de junho de 2013

O festim das eleições.




As nossas cidades engalanam-se para o festival das eleições. Não, comícios ou sessões de esclarecimento já não temos. Mas teremos jantares em enormes pavilhões ou pequenas salas, isto conforme o número de militantes que cada partido conseguir arregimentar. Teremos arruadas e muitas inaugurações pelos partidos do governo. Será festa, sem dúvida. E as cidades já estão a ficar engalanadas com os tradicionais cartazes de campanha, gigantescos e plantados nos mais diversos locais. Vamos ficar a conhecer o rosto dos candidatos e as frases eloquentes que as equipas de campanha escolheram para cativar os eleitores. Em Valongo o candidato do PS tem uma que é genial. “Acreditar nas pessoas”. Ora e eu a pensar que eram os políticos, enquanto classe, que andavam desacreditados por muito do que dizem, fazem e não fazem. Pelos casos de Duarte Lima, Dias Loureiro, Isaltino Morais, Oliveira e Costa, João Jardim, Fátima Felgueiras, Miguel Relvas, Nuno Cardoso, Narciso Miranda, José Sócrates, Vítor Gaspar, Passos Coelho e tantos outros, eu julgava que eram os políticos que precisavam de uma regeneração e que alguém voltasse a acreditar neles, mas não. Em Valongo temos de acreditar é nas pessoas porque aos políticos é por princípio normal e nosso dever acreditar neles. Mas de cartazes e outdors estava a falar e tenho ficado surpreendido com o local onde por vezes os encontro. Juntando-se às mais variadas tabuletas e reclames publicitários, eles contribuem para uma intoxicação visual que agride de forma brutal quem olhar com atenção para o espaço público que nos rodeia. Parece não haver qualquer regra para a sua implantação. E as cidades ficam horrivelmente feias. É horrível e penoso por tudo isto o que acabei de enumerar mas também porque são cartazes de campanha eleitoral com tudo o que de vago, ilusório e perene estes cartazes transmitem.
A fotografia acima é da entrada do Jardim do Palácio de Cristal no Porto. O verde e a beleza dos seus jardins está completamente ensombrado por sinais de trânsito, gigantes faixas a anunciar as festas do São João, cartazes políticos e outros de publicidade. Onde cabe aqui o ordenamento de território ou a qualidade paisagística de uma cidade? Vêem-se painéis de campanha eleitoral nos mais aberrantes lugares sem qualquer respeito pelo embelezamento que deve existir no espaço público. O que é necessário é que as pessoas possam visualizar com facilidade o rostos dos políticos que nos vão governar. As cidades ficam feias. Por isso eu digo que só há uma cidade bonita em Portugal e que curiosamente tem pouco verde no seu interior. Mas eu adoro-a como a minha preferida. Évora. Por alguma razão é Património Mundial da Humanidade. O ano passado, nas férias andei de máquina fotográfica a coleccionar as tabuletas de toponímia. Tem nomes de ruas verdadeiramente deliciosas. Aqui, nesta cidade, não sinto qualquer agressão visual devido à profusão de tabuletas e poster gigantes.

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