As
nossas cidades engalanam-se para o festival das eleições. Não, comícios ou
sessões de esclarecimento já não temos. Mas teremos jantares em enormes
pavilhões ou pequenas salas, isto conforme o número de militantes que cada
partido conseguir arregimentar. Teremos arruadas e muitas inaugurações pelos
partidos do governo. Será festa, sem dúvida. E as cidades já estão a ficar
engalanadas com os tradicionais cartazes de campanha, gigantescos e plantados
nos mais diversos locais. Vamos ficar a conhecer o rosto dos candidatos e as
frases eloquentes que as equipas de campanha escolheram para cativar os
eleitores. Em Valongo o candidato do PS tem uma que é genial. “Acreditar nas
pessoas”. Ora e eu a pensar que eram os políticos, enquanto classe, que andavam
desacreditados por muito do que dizem, fazem e não fazem. Pelos casos de Duarte
Lima, Dias Loureiro, Isaltino Morais, Oliveira e Costa, João Jardim, Fátima
Felgueiras, Miguel Relvas, Nuno Cardoso, Narciso Miranda, José Sócrates, Vítor
Gaspar, Passos Coelho e tantos outros, eu julgava que eram os políticos que
precisavam de uma regeneração e que alguém voltasse a acreditar neles, mas não.
Em Valongo temos de acreditar é nas pessoas porque aos políticos é por
princípio normal e nosso dever acreditar neles. Mas de cartazes e outdors estava a falar e tenho ficado
surpreendido com o local onde por vezes os encontro. Juntando-se às mais
variadas tabuletas e reclames publicitários, eles contribuem para uma
intoxicação visual que agride de forma brutal quem olhar com atenção para o
espaço público que nos rodeia. Parece não haver qualquer regra para a sua
implantação. E as cidades ficam horrivelmente feias. É horrível e penoso por
tudo isto o que acabei de enumerar mas também porque são cartazes de campanha
eleitoral com tudo o que de vago, ilusório e perene estes cartazes transmitem.
A
fotografia acima é da entrada do Jardim do Palácio de Cristal no Porto. O verde
e a beleza dos seus jardins está completamente ensombrado por sinais de trânsito, gigantes faixas a
anunciar as festas do São João, cartazes políticos e outros de publicidade.
Onde cabe aqui o ordenamento de território ou a qualidade paisagística de uma
cidade? Vêem-se painéis de campanha eleitoral nos mais aberrantes lugares sem qualquer respeito pelo embelezamento que deve existir no espaço público. O que é necessário é que as pessoas possam visualizar com facilidade o rostos dos políticos que nos vão governar. As cidades ficam feias. Por isso eu digo que só há uma cidade bonita em Portugal e que
curiosamente tem pouco verde no seu interior. Mas eu adoro-a como a minha
preferida. Évora. Por alguma razão é Património Mundial da Humanidade. O ano
passado, nas férias andei de máquina fotográfica a coleccionar as tabuletas de
toponímia. Tem nomes de ruas verdadeiramente deliciosas. Aqui, nesta cidade,
não sinto qualquer agressão visual devido à profusão de tabuletas e poster
gigantes.
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