Santana-Maia Leonardo
Costumo definir-me
politicamente como conservador, liberal e socialista. Conservador nos valores;
liberal na economia; e socialista nas preocupações sociais. E o PSD era um
partido que correspondia bem a esta minha definição.
Distinguia-se do PS
sobretudo por dois aspectos: o PS era menos liberal na economia do que o PSD e
o PSD era menos fracturante nos valores do que o PS. Isso resultava, aliás, da
base de apoio dos dois partidos. Enquanto o PSD representava, sobretudo, os
pequenos e médios comerciantes, empresários, agricultores e profissionais
liberais, o PS tinha as suas raízes no funcionalismo público. Quanto ao resto,
tinham muita coisa em comum, desde logo as mesmas preocupações sociais e a
partilha dos mesmos valores democráticos, designadamente dos valores fundadores
das democracias liberais: respeito pelas minorias, pelo estado de direito, pela
liberdade de expressão e de opinião e pelos direitos da oposição. É esse
património que se está a perder no PSD, uma vez que existe cada vez mais gente
a fingir que é mas que verdadeiramente já não é.
Hoje Portugal
está literalmente partido ao meio: de um lado, o sector financeiro e as grandes
empresas, protegidos pela lei e pelo governo qualquer que ele seja; e do outro,
o funcionalismo público e os assalariados, defendidos nas ruas e nas mesas das
conversações pelos sindicatos e pela esquerda.
No actual
espectro partidário, não existe nenhum partido que defenda e/ou represente os
pequenos e médios agricultores, empresários, comerciantes e profissionais
liberais, ou seja, aqueles que são responsáveis por 90% dos postos de trabalho,
e que foram, em tempos, a base eleitoral e a razão de ser do PSD. E quando o
sector mais dinâmico da sociedade não tem ninguém que o represente
politicamente, só se se pode esperar o pior.
Li hoje o comentário no Público e é muito bom que estas opiniões assisadas ultrapassem o espaço dos blogues. Anda bem que o pessoal dos jornais, que faz a selecção, se apercebe da oportunidade da mensagem do leitor.
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