quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Uma questão de perfume

Todos os governos tomam medidas impopulares, e o que actualmente ocupa as cadeiras do Poder pátrio não vai fugir à regra. Aliás, são já visíveis falhas em certas promessas eleitorais, e ninguém duvide de que, no futuro, veremos muitas mais, nem que seja por força da selvática pressão dos nossos “primos” de Bruxelas e das agências de rating. Se o apoio que a esquerda com ele negociou vai resistir, isso é questão que, de momento, sem dotes adivinhatórios, não podemos saber. Contudo, pelo semblante dos governantes, quando falam dessas “inevitabilidades”, julgo captar-lhes a mensagem subliminar de que as decisões maléficas são tomadas a contragosto e de que lutaram duramente para que não nos fossem impostas. Não resisto a fazer a comparação com os ministros do Governo PSD/CDS que, assim que vinha “bordoada”, achavam por bem anunciá-la com uma expressão facial que não conseguia esconder o seu lúgubre pensamento interior: “ainda devia ser pior, que vocês bem o merecem!”. Para (má) memória futura, de que nunca quererei esquecer-me, fica a lapidar frase do “ir para além da troika”. Seria por maldade que actuavam assim esses governantes? Creio que não. Apenas encarnavam servilmente os interesses de algumas élites que lhes inspiram uma “certa” ideologia e lhes impõem as medidas táctico-estratégicas para a implementarem. No nosso futuro próximo, as coisas poderão não ser muito melhores mas, felizmente, o perfume, até ver, tem mais fragrância.

3 comentários:

  1. Era por maldade sim! Lembro-me de comunicações do ex-primeiro ministro de uma insensibilidade muito próxima da crueldade.
    PSD/CDS são partidos que desprezam a pobreza: ou porque nunca a sentiram, ou porque querem fugir dela.
    Para além disso, tinham a consciência, embora disfarçada de que não mandavam nada, antes eram paus mandados.

    ResponderEliminar
  2. Está ainda muito fresca na nossa memória a "autosuficiência" com que respondia no Parlamento aos deputados que o questionavam sobre as continuadas agressões aos que menos tinham: " É assim, senhor deputado!"- gritava o génio, fortemente aplaudido pela turba ululante da "carneirada" que o rodeava...

    ResponderEliminar

Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.