A maior catástrofe ecológica da
Península Ibérica aconteceu há 15 anos, na Galiza. Foram derramadas 67 mil
toneladas de crude no mar e algumas consequências ainda se
sentem. O actual 1º ministro espanhol, Mariano Rajoy, à época ministro do Interior e chefe de coordenação daquela mortífera
poluição, a propósito, disse:« que eram pequenos fios de
plasticina». Desinformou e minimizou o impacto da tragédia... e nem foi
constituído arguido. A criminosa impunidade voltou a ganhar à
Justiça.
Agora, o mesmo Rajoy e seu executivo decidem construir aterros para
lixo nuclear da Central atómica de Almaraz - unilateralmente, ao
contrário do que agendava uma reunião com o Governo de Portugal sobre a matéria
- para encontrar uma solução. O projecto de construção de aterros é
transfronteiriço,
daí o nosso ministério do Ambiente ser parte integrante e dever ser ouvido. O
Direito Ambiental Europeu foi desrespeitado. A
Central
nuclear de Almaraz dista 100 quilómetros da nossa fronteira e as cidades de
Portalegre e Castelo Branco são as que estão mais próximas. As águas do
rio Tejo refrigeram a Central. Nos últimos meses houve sete incidentes em
Almaraz, um dos quais grave, e a empresa que rege a construção dos
armazéns do lixo nuclear tem alguns processos em tribunal... Não há avaliação e
estudo de impacto ambiental nesta matéria. As águas do
Tejo servem humanos, animais e agricultura e os acidentes de
Chernobyl, Fukushima, etc., não podem vir a ser eventuais repetições directas
para os ibéricos. Querem prolongar a vida de Almaraz, para lá do ano de 2020.
Contudo, cientistas afirmam que há dez anos deveria ter
sido encerrada. Portugal não tem energia nuclear, devendo exigir que não
haja risco de acidente nuclear encostado à fronteira.
O ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, apresentará queixa formal
contra o executivo espanhol, à Comissão Europeia, sobre este
melindroso assunto. Caso Almaraz estivesse encostada à fronteira de
França, as autoridades espanholas seriam desrespeitadoras?...
Esta gravíssima e deliberada falha espanhola é inclassificável.
Artigo de opinião de Vítor Colaço Santos
Estes governantes portugueses que não sabem governar o seu país, por isso estamos onde estamos, levantam a gripa para se intrometer com decisões do vizinho. Almaraz está a 128 Kms da fronteira portuguesa, 224 Kms de Madrid e 428 Kms de Lisboa. É preciso construir um espaço para armazenar resíduos e vão criar instalações para esse efeito junto da central, pois não iriam pô-las noutro lugar. Ouvidas as populações locais que têm trabalho nessa central, onde os salários não são inferiores a 4.000 € mensais, estas percebem a situação, ainda que o perigo esteja à sua porta. Pergunta-se ao nosso ministro do Ambiente, onde entende que devem construir o "cemitério dos resíduos".
ResponderEliminarA propósito do seu comentário, como sempre lúcido e imparcial, contextualizando-me como sempre faço na situação, confesso que foi isso mesmo que pensei logo que soube da notícia.
EliminarPublicado, hoje, dia 4.01.2017, no jornal "Público".
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