quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

E se mais Mundo houvera, lá chegara

Hoje, ao assistir à gala da FIFA, lembrei-me dos Lusíadas quando Camões, referindo-se ao esforço português escreveu "e se mais Mundo houvera, lá chegara". É que o nosso CR7, com muito esforço e muito profissionalismo por todos elogiado, acabava de vencer o prémio do melhor jogador do mundo de 2016, ano em que com todo o mérito já tinha vencido mais de uma dezena de outros, incluindo do melhor desportista europeu de todas as modalidades, prémio ganho pela primeira vez por um futebolista. Penso não estar errado se afirmar que será um facto inédito e muito difícil de igualar. Porém, no outro lado do rectângulo, lamento a atitude de um jogador que dispensa elogios como Messi, ter faltado à cerimónia em que era um dos finalistas. Como homem e com a falta de fair play demonstrada, contrariou o provérbio português "os homens não se medem aos palmos" pois passou a imagem que para além de pequeno por fora, também o é por dentro. Apesar do momento triste e de luto que o país atravessa em virtude do desaparecimento de três figuras públicas, o Professor Daniel Serrão, o Doutor Guilherme Pinto e o Doutor Mário Soares, penso não ser mal interpretado se disser que neste momento, todos os portugueses que vibram com os êxitos dos nossos, vivos ou não, Cristiano Ronaldo ajudou-nos de certa forma a desanuviar um pouco este momento de pesar.
Jorge Morais

Publicada em 11.01.2017 no DESTAK e DN-M

4 comentários:

  1. Os jogadores do Barcelona que estavam convocados para o jogo com Bilbao, não foram dispensados para ir à festa. Logo, não foi só o Messi que faltou, mas também outros atletas profissionais do mesmo clube. É que o profissionalismo tem destas coisas e o jogo que se realizava 72 horas depois, por acaso bem difícil, pois a primeira partida fora perdida, merecia muita atenção e foi Messi, a poucos minutos do fim, que salvou a eliminatória. Para prestigiar Cristiano Ronaldo não é necessário inferiorizar o argentino, que também é um atleta de eleição, e vice versa.

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  2. Agradeço ao senhor Tapadinhas ter-me lido e opinado a questão de Messi. Quando escrevi que “Messi dispensa elogios” é pela simples razão de gostar imenso em vê-lo a jogar; o alibi que refere, é o que o clube apresentou; no entanto o treinador Luis Enrique diz numa entrevista que vi na tv “a decisão foi dos atletas e que a respeita . . . em principio a decisão de ir aos prémios é individual e depende deles, como treinador respeito as suas decisões”; e que me diz ao seguinte “o capitão do Barça, Iniesta, telefonou a alguns companheiros "para se desculpar de tamanha desconsideração . . .o internacional espanhol terá percebido que jogadores do Real Madrid encararam a ausência do Barcelona como uma falta de respeito para com os merengues . . . A atitude de Iniesta foi já comentada pelo presidente da Liga Espanhola. Javier Tebas disse que o jogador do Barcelona é um cavalheiro e que se pediu desculpas, é porque achou que seria o mais correcto” fim de citações. Por outro lado, Messi é um jogador que não sabe perder. Ao serviço da sua selecção, por nunca ter ganho nada, abandonou em Junho último a mesma tendo no entanto em Outubro regressado. Entretanto, no dia da Gala da FIFA, os argentinos destruíram uma estátua sua em Buenos Aires, acto inqualificável mas que penso que não esteja relacionado com o abandono mas que coincidiu com esta ausência que envergonhou os argentinos. E já agora, diga-me uma coisa senhor Tapadinhas: caso tivesse sido ele o vencedor do trofeu, estaria em Zurique ou não apesar do jogo importante? Não acha que se tivesse sido essa a razão, um telefonema atempado para Ronaldo teria evitado toda esta celeuma?. Para terminar, se Iniesta com o seu gesto foi considerado um “cavalheiro”, a classificação oposta, para mim é “garoto” e que eu por uma questão de não querer ser tão duro, disse-o de outra forma. Ingénuo só sou quando quero e muitas vezes para evitar problemas. Os meus agradecimentos, Jorge Morais

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  3. Não ponho em situação de antagonismo as posições de Leonel Messi e Cristiano Ronaldo. Ambos são dois atletas de eleição que tiverem a felicidade de viver num período da civilização em que o futebol substituiu ou faz concorrência com as religiões nalgumas partes do globo. Messi está mais perto do cidadão comum, porque deu mãe aos filhos, casou normalmente com a mãe destes e vive uma vida tão normal quanto possível, longe das passagens de modelos e dos acontecimentos mundanos, o que lhe acarreta, para o cidadão comum, uma certa simpatia. Cristiano é um extraterrestre, com um filho só seu, embora com o apoio da ciência, tal como os deuses os tiveram por milagre e é, sem sombra de dúvida, o melhor futebolista da Europa e do mundo. Quanto às presenças, partir do princípio que, embora previsível, já se sabia antecipadamente qual o vencedor provável, a falta de Leonel Messi está mais que explicada. Julgo que se dá demasiado valor ao negócio futebol em prejuízo de outros componentes sociais mais importantes. É uma mera opinião e, possivelmente. posso estar errado, porque errar é humano e eu estou incluído no género. O meu abraço lusitano ao Jorge Morais com os votos de BOM ANO NOVO.

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