quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Os bons, os maus e os parvos
                           A crise mais evidente que se manifesta no nosso país é uma crise de bom senso. O bom senso evaporou-se e não condimenta a política nacional.
                          Numa observação, um pouco aligeirada, podemos encontrar três categorias comportamentais na vida social dos portugueses. Nos políticos, os bons e os maus.
                          Os bons, são quase todos os do “nosso partido”, embora admitamos que não há regra sem excepção e, por isso, porque são do nosso partido, lhes perdoamos as falhas, mesmo que essas sejam montanhosas.
                           Os maus, são os dos outros partidos que estejam em condições de concorrerem aos cargos que nós desfrutamos ou almejamos e que são responsáveis pelos nossos inêxitos.
                           Nos civis, isto é, na parte da sociedade que não ocupa cargos políticos, temos os parvos, que segundo a definição da Ana do fiel amigo, são a geração “nem, nem”, que, agora, nem trabalha nem estuda e que, na opinião da intérprete, estudaram para serem escravos.
                            Se atentarmos numa extensão mais alargada, temos um número complementar de outros parvos que trabalham ou trabalharam para manter toda esta representação, que, por vezes, chega a parecer surrealista.
                            O governo, com um primeiro-ministro daltónico, vê tudo cor-de-rosa e não reconhece as nuvens que estão há muito no horizonte, nem a má situação real do país.
                            Uma diversificada oposição, sem rumo nem estratégia, que brinca com a governação de um país, como as crianças brincavam às casinhas, e que espera sentada o milagre da queda do governo.
                            A Assembleia da República, para além de outros serviços que presta à Nação, é também um espaço de queixinhas, onde o primeiro-ministro e o governo, quinzenalmente, vão vangloriar-se das grandes medidas tomadas para a felicidade do povo, contrariadas pelas bancadas da oposição, que raramente reconhecem mérito em tais afirmações.
                             E assim vão decorrendo os dias na gloriosa pátria de Camões.
                            Uns, os que sofrem as consequências da incompetência instalada, são pessimistas.
                            Outros, os que gozam dos benefícios do poder, são optimistas.
                            Os realistas, apenas comprometidos com a sua consciência e o dever de cidadania, não são ainda em número suficiente, mas, para bem do futuro de Portugal, em breve serão uma maioria lúcida que, entrando pelas avenidas do bom senso, conduzirão o país a um estado em que nos sintamos cidadãos de corpo inteiro.


Joaquim Carreira Tapadinhas - Montijo

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