A recente discussão sobre 0 voto abstencionista dos EUA no Conselho de Segurança da ONU, que permitiu a condenação dos colonatos em Jerusalém oriental e na Cisjordânia por parte de Israel, deu-me vontade de contar duas pequenas histórias comigo passadas. Sei bem que "uma (ou duas) andorinhas não fazem a Primavera" mas há exemplos marcantes que definem o estado das coisas. Isto ajudado que fui com o mapa da região que o PÚBLICO (29/12) imprimiu e onde se vê que, geograficamente, o Estado Palestiniano é quase uma "inexistência", cercado que está por "ilhotas que o penetram".
H+a meia de anos fui visitar Israel numa viagem de grupo. O guia local era um homem que se considerava a si próprio "um soldado de Israel". Próximo de Telavive perguntei-lhe porque é que o seu país, se queria mesmo a paz dos "dois Estados", insistia na construção de colonatos? Respondeu-me: o que são isso de colonatos? Não dando conta da ironia, perguntei mais duas vezes e outras tantas retrucou a mesma pergunta acintosa. Dias passados, em Jerusalém, ao falar da célebre frase de Jesus -- É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que um rico entra no reino dos Céus- . perguntei a que camelo se referia, ao que ripostou que era o animal com duas bossas. E não gostou nada que lhe explicasse era sim uma corda grossa de prender barcos.
A segunda situação vivi-a quando o grupo regressava duma visita a Belém e, no posto fronteiriço pedonal, um sem número de palestinianos se intrometeu "vigorosamente", sem qualquer respeito pela ordem da fila, chegando a apalpar a nossa guia portuguesa acompanhante, com um ar de desafio e a displicência dos guardas israelitas, tentou passar para o lado de Israel.
"Moral" da (s) história (s); um guia judeu e ignorante e uns palestinianos boçais, ambos acintosos. E mais não digo.
Fernando Cardoso Rodrigues
P. S. Texto enviado ao "Cartas ao Director" do PÚBLICO, em 2/Janeiro, para eventual publicação que não mereceu.
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