Este blogue foi criado em Janeiro de 2013, com o objectivo de reunir o maior número possível de leitores-escritores de cartas para jornais (cidadãos que enviam as suas cartas para os diferentes Espaços do Leitor). Ao visitante deste blogue, ainda não credenciado, que pretenda publicar aqui os seus textos, convidamo-lo a manifestar essa vontade em e-mail para: rodriguess.vozdagirafa@gmail.com. A resposta será rápida.
segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018
MULHERES DE DEUS
Regresso a Braga, à "Brasileira", às curvas da Diana. Logo temos concerto no "Projéctil". Agora é sempre a abrir. A Diana passa. Serve cafés. Eu atravesso uma das melhores fases da minha vida. Talvez a melhor. Convido os amigos. Bebo "Carlsberg". A Diana abana as ancas. Está irresistível. É claro que vou beber mais. As mulheres belas fazem-me beber. E estoirar o dinheiro. Que se foda. É a vida. Vida de artista. Poeta negro, puta do rock n' roll. Ainda por cima agora em Braga. A minha cidade. A cidade onde cresci. Onde me tornei maldito. Ai, Jaime, se aqui estivesses...celebraríamos o triunfo. Foi, de facto, em cafés como a "Brasileira", como o "Piolho", como o "Astória" que cresci. A ler e a escrever à mesa. A observar o mundo e as pessoas. Aqui, de facto, reino. Aqui sou feliz. Vem, Diana, traz-me mais uma. Encanta-me com a tua beleza selvagem. Deveria passar mais tempo em Braga...já não vinha cá desde a passagem de ano...e que passagem de ano ...psicadélica...meteu missa e tudo. Deveria, de facto, viver em Braga. Junto à Goreti, junto à Diana. A Diana trouxe-me um copo maior mas está pouco sorridente. Se calhar espera que eu beba umas tantas. Mas hoje não pode ser. Há que guardar cacau para logo. Nem sei se me vão pagar alguma coisa. Vida de artista underground, embora ultimamente também ande pelo mainstream. A Diana põe-me louco. As mulheres sexy e bonitas põem-me louco. No entanto, ainda não sou o rei. Sou messiânico e tenho o poder da palavra. Nada mais. Quero uma mulher boa, bonita e inteligente. Eu em Braga, Pessoa em Lisboa. "A Brasileira" em comum. O cu da Diana. Ai, Diana. Já me comparam ao Luiz Pacheco e à Adília Lopes. Não há dúvida de que estou por cima. O poeta do cio e das gajas. Já o diziam no Púcaros. Saudoso Carlos. A Diana ri. Mas não para mim. É o que eu digo. Precisava de passar mais tempo em Braga, passar as tardes na "Brasileira", meter conversa com a Diana. Olha, acho que lhe vou dar uma gorjeta. Fica sempre bem. O poeta da "Brasileira" hoje vai cantar ao "Projéctil". Ah, se eu fosse Leonardo Da Vinci imortalizava-te na tela...divina Diana...deusa da caça...caçada por mim. Mestre Leonardo, como todos esses "artistas" parecem menores perante ti. A Diana passa e volta a passar. É Carnaval. Também amo T. Essa é mesmo revolucionária. Passa-me informações. Como eu amo as mulheres belas. A Diana volta a sorrir. Só sorri para os velhotes. Meu caro Rui Soares, lembro-me de ti, eras poeta, comecei a ser poeta em parte por causa de ti. Esqueço-me sempre de referir isso nas entrevistas. Braga, cidade onde tudo começou. Liceu Sá de Miranda. Rua Nova de Santa Cruz. Enfim, vou-me aguentando por aqui. A minha mãe preocupa-se. As minhas amigas também. As minhas queridas amigas. Uma mulher estuda. A Diana volta a passar. Faz lembrar a Paulinha. Que será feito dela? Oferecia-lhe poemas. Dulcineias. Princesas. Mulheres de Deus.
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