O Facebook e a Cambribge Analytica levaram Donald Trump ao colo nas presidenciais americanas, com a ajuda do Twitter, da Google e outros. Quer via notícias falsas ou "fake news", quer via "agit-prop" digital, quer via "microtargeting" ou "clickbait".
Segundo Francisco Rui Cádima, as "fake news" tornaram-se hoje, juntamente com os intermediários digitais, os algoritmos e a "automated propaganda", uma ameaça maior à liberdade e à democracia.
Nos últimos 3 meses da campanha presidencial norte-americana de 2016, as 20 notícias falsas mais vistas no facebook geraram mais partilhas e comentários do que os "20 mais" dos media mainstream. Dados semelhantes verificam-se, por exemplo, no que respeita ao "impeachment" de Dilma Rousseff no Brasil.
O mito da internet como garante de democracia digital e deliberativa cai por terra. A internet tornou-se uma máquina de "câmaras de eco" que reforçam as ideias feitas, disseminam desinformação e polarizaram o campo político-partidário. O problema do pluralismo na rede é também um dado altamente crítico já que o grau de concentração de empresas de "new media" e plataformas digitais na internet é superior à concentração no sistema de media tradicional.
Como diz Neetzan Zimmerman, "Não é importante se uma história é real, a única coisa que realmente importa é se as pessoas clicam nela."
Há muito que se sabia que a Cambridge Analytica detinha uma base de dados com mais de 5000 "data points" psicográficos e sociográficos de cada um de cerca de 220 milhões de americanos. O que se faz é aliciar os eleitores para "correntes emocionais"e para falsas notícias, manipulando a opinião, prevendo e mudando o comportamento do eleitor. As eleições hoje dependem cada vez mais da propaganda computacional e dos automatismos criados em torno da mudança do comportamento político. É uma ciberguerra algorítmica aquela que está às nossas portas. Revoltêmo-nos enquanto é tempo...
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