sábado, 9 de abril de 2022

Pontos nos is


Quando vejo a esquerda deixar-se empurrar para as areias movediças em que se tornou a discussão sobre culpados e vítimas desta execrável guerra na Ucrânia, não deixo de me perguntar: o que é que “nós”, os de esquerda, temos a ver com isso? É claro que existe um problema humanitário gravíssimo que nos aflige profundamente. Mas, quanto ao resto, não fomos tidos nem achados para o assunto. Vejamos: de um lado, temos um agressor, Putin, claramente um perigoso mentor da extrema-direita, que, infringindo todo o ordenamento jurídico internacional, mandou invadir um país estrangeiro e independente; do outro, temos um presidente populista, Zelenskii, ligado à extrema-direita e a oligarcas ucranianos corruptos, com assinaláveis proveitos financeiros, liderando um povo cruelmente sujeito aos mais desumanos instrumentos de horror, morte e destruição. Em resumo, extrema-direita contra extrema-direita. Que tem a esquerda a ver com isto? 

O problema é que é muito fácil aos proverbiais inimigos dessa esquerda, genuína e compreensivelmente opositora de um Ocidente liderado pelos EUA e da NATO, de passados agressivos, atribuir-lhe simpatias que não tem. Devem pensar que, deste modo, a vão erradicar do panorama partidário, o que lhes daria um certo jeito…


Público - 11.04.2022 (sem passados agressivos dos EUA e da NATO).

1 comentário:

  1. de acordo. O facto de ser inadmissível e condenável o que o presidente e o poder político da Federação Russa fez e faz, não obriga a fechar os olhos a todo o rol de acções e provocações desenvolvidas desde 2014 pelos presidentes e responsáveis políticos da Ucrânia, com o apoio dos governos dos E.U.A. e responsáveis da NATO e a compreensão dos governantes, políticos e comissários da U.E., que continuam só a falar em sanções e fornecimento de armas, em vez da paz em que se deviam empenhar.

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