Nesta imensa tragédia que é a guerra da Ucrânia, não haverá ninguém completamente isento de erros. Países e organizações, através dos seus representantes, de um lado e do outro, talvez apenas o Papa Francisco possa ser eximido desse ferrete. Mesmo António Guterres (A.G.), secretário-geral da ONU, titubeou demasiado tempo sem anunciar iniciativas que notoriamente pudessem contribuir para uma mediação frutuosa entre os beligerantes. É claro que A.G., na sua tradição de sincero humanista, não tardou a lamentar as vítimas da violação, por parte da Rússia, da Carta das Nações Unidas. Talvez tivesse sido preferível que se apressasse, numa postura de maior dureza, a exigir da Rússia, membro do Conselho de Segurança, o escrupuloso cumprimento daqueles preceitos. Sucumbindo à compaixão perante a dor dos ucranianos, A.G. hipotecou, cedo de mais, a autoridade e o múnus com que poderia “forçar” Putin a resolver as suas diferenças com a Ucrânia, ou mesmo com a NATO, na mesa das conversações, e não no pavoroso teatro de guerra em que transformaram os caminhos ucranianos violados.
Tenhamos alguma esperança nas diligências de A.G. agora anunciadas. Mas poucos acreditarão em “milagres”...
Público - 26.04.2022
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