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terça-feira, 5 de abril de 2022
GUERRA NA UCRÂNIA. PREJUDICADOS, BENEFICIADOS E CULPADOS
Não devia ser necessário dizer que abomino esta e todas as guerras. Mas, perante o discurso quase único da comunicação social dominante (CSD) e dos milhões que influencia, será.
Os primeiros prejudicados são, evidentemente, os ucranianos. Mortos, feridos, a destruição do país, o sofrimento do seu povo. A seguir são os russos. Os que tombam, os feridos, o sofrimento dos seus familiares e amigos, o enorme prejuízo devido às sanções económicas, comerciais, financeiras, culturais e desportivas. Ainda prejudicados, e muito, também devido às sanções, são os europeus. Principalmente em relação aos combustíveis, mas também a todas as outras que prejudicam inúmeras atividades, gerando carências várias e desemprego.
Quanto aos beneficiados, não bastaria a afirmação de Biden agora numa das reuniões com chefes de Estado e de Governo da UE, do G7 e da NATO, de que uma nova ordem mundial está a nascer e que será liderada pelos EUA?
Mas acrescentemos mais alguns “pormenores”: qual o país, com o seu poderosíssimo complexo militar-industrial, que mais vai lucrar com a vertiginosa subida do seu orçamento de Defesa e dos restantes Estados membros da NATO?
Qual o país, com as maiores reservas de petróleo e gás de xisto que os irá vender à Europa ,mesmo mais caro e muito mais poluente, em substituição dos até agora provenientes da Rússia?
Qual o país, que, ao contrário dos da Europa, quase não gasta um dólar com os milhões de refugiados da Ucrânia? Que devem ser apoiados, evidentemente.
Pode contrapor-se que esse país, os EUA, claro, para além de fornecer gigantescos arsenais à Ucrânia liderada pelo seu “herói”Zelensky, também a apoia com muitos milhões. É verdade. Mas, esses apoios, não são investimentos calculados? A Ucrânia não os pagará com língua de palmo? Com os seus cereais, outras riquezas e até a sua própria soberania?
Quanto aos culpados pela guerra, será apenas a Federação Russa e Putin, como a CSD incessantemente nos impinge, omitindo todos os antecedentes?
Então e a promessa de que a NATO não se expandiria até às suas fronteiras? Já imaginaram a reação dos EUA se o então PACTO de Varsóvia se instala-se junto às deles?
Depois de Armarem a Ucrânia até aos dentes, de se estarem nas tintas pelo facto do fascismo medrar até ao ponto de integrar as suas forças armadas com o batalhão Azov, com o massacre de mais de 40 pessoas na Casa dos Sindicatos de Odessa, de proibirem o ensino da língua russa falada por quase metade da população (45%), com os 14 mil mortos na região de Dombass e dos acordos de autodeterminação sobre essa região não cumpridos.
Portanto, quem deu pretextos para a invasão? Esperavam que lhes fosse permitido fazer o que fizeram, por exemplo, no Iraque ou na Líbia? Onde, além da destruição,provocaram tanta morte refugiados e o assassínio de Saddan Hussein e Kadafi.
É a democracia e a vida humana, ou os interesses económicos e estratégicos que interessam a quem quer liderar a nova ordem mundial?
Francisco Ramalho
Publicado hoje no jornal "O Setubalense"
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