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terça-feira, 27 de dezembro de 2022
António, um Mega incomum
Sempre que desaparece fisicamente mulher ou homem de Cultura, como António Mega Ferreira, ficamos comovidos pelo sentimento de perca, neste caso, de um Mega multicultural e polifacetado.
Podemos não estar na sua órbita política, já que foi um indefectível do militar de óculos escuros, mentor do 25 de Novembro/75 e apoiante de Mário Só-ares no lançamento da sua última candidatura divisionista à presidência, que abriu a porta de Belém a Cavaco, o pior presidente da II República... por dois mandatos.
Jornalista, escritor, poeta, biógrafo, ensaísta, tradutor, homem do Teatro, gestor cultural, melómano e senhor Expo-98, deixa obra e, quem deixa lastro - não morre!
Conheci-o como apresentador do noticiário da RTP2 e ainda ninguém teve a performance de Mega Ferreira.
Dotado duma enorme cultura de palco, que começou na música, a sua prestimosa e última gestão foi como,presidente da Associação da Orquestra Metropolitana de Lisboa, catapultando-a para voos mais elevados.
A imprensa foi uma das suas casas e causas, pois seu pai cultivou-lhe o gosto pelas letras e pela liberdade! No tempo da ditadura, foi jornalista num dos baluartes da oposição - Comércio do Funchal, dirigido pelo saudoso, Vicente Jorge Silva. Mega teve uma particular e quase original sensibilidade: amava a obra de outros escritores.
Italiano por adopção, prezava a Itália, logo a seguir à sua iluminada e amorosa Lisboa. Lidava com as palavras como se fossem estrelas que amaravam na sua inspiração, intelecto e na sua fluente pena. Autor de dezenas de livros, é dotado duma capacidade extraordinária de obreiro das letras, capaz de se espantar e causar espanto.
Disse quando cá estava: 'Gostaria de ser recordado como escritor!'
Por isto e tudo o mais que não cabe nesta singela homenagem, esteja lá onde estiver é com elementar justiça, que já foi entronizado - Ministro da Cultura.
Gratidão ao Mega incomum.
Até à Eternidade!
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