Em 2022, comemora-se o centenário de José Saramago, um dos maiores escritores de língua portuguesa, Prémio Nobel da Literatura e também Prémio Camões, membro e militante do Partido Comunista Português, que nasceu no dia 16 de Novembro de 1922, na Azinhaga, concelho da Golegã.
Nunca esqueceu as suas origens familiares e
camponesas, bem visível em muito do que escreveu e nas suas intervenções.
Exerceu as profissões de metalúrgico, desenhador e administrativo, antes de ser
tradutor, editor, jornalista e escritor.
Cedo iniciou a sua actividade política de
resistência à ditadura fascista, participando na campanha de Norton de Matos,
no apoio à oposição democrática, na luta contra a guerra colonial e do
Vietname, na ligação à criação de bibliotecas populares.
Como jornalista, nomeadamente em «A Capital»,
«Diário de Lisboa», «Jornal do Fundão», procurou intervir na luta e combate ao
fascismo, tendo a propósito da censura existente antes de 25 de Abril de 1974, transmitido
nos Cadernos de Lanzarote que «como jornalista, ou simples colaborador soube o
que era a indignação de ver esfaqueadas palavras que escrevi e ideias que
expressei».
As suas características e conhecimentos de historiador
são bem visíveis em muitos dos seus livros, como o Memorial do Convento, A
História do Cerco de Lisboa, Jangada de Pedra, O Ano da Morte de Ricardo Reis,
Viagem a Portugal.
Foi sempre um activo defensor do 25 de Abril de
1974 e das suas conquistas. Nas obras de José Saramago estão presentes os
valores universais de liberdade, democracia, emancipação social, soberania,
paz, cooperação e amizade entre os povos, respeito pela natureza e confiança nos
povos.
As suas opções e intervenções originaram um ódio de estimação
de forças políticas de direita, que não perdoaram também as suas palavras:
«para ganhar o prémio (Nobel), não precisei de deixar de ser comunista».
Em 10 de Dezembro de 1998 no banquete em Estocolmo,
comemorativo do Nobel da Literatura entregue a José Saramago, perante
personalidades pouco habituadas a ouvir discursos que com frontalidade
defendessem o consagrado na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que
nesse mesmo dia celebrava 50 anos, o escritor afirmou:
«A mesma esquizofrénica humanidade capaz de enviar
instrumentos a um planeta para estudar a composição das suas rochas, assiste
indiferente à morte de milhões de pessoas pela fome. Chega-se mais facilmente a
Marte do que ao nosso próprio semelhante. Alguém não anda a cumprir o seu
dever. Não andam a cumpri-lo os governos, porque não sabem, porque não podem,
ou porque não querem. Ou porque não lho permitem aquelas que efectivamente
governam o mundo, as empresas multinacionais e pluricontinentais cujo poder, absolutamente
não democrático, reduziu a quase nada o que ainda restava do ideal da
democracia».
José Saramago morreu em Tias, Lanzarote, em 18 de Junho de
2010.
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