terça-feira, 17 de abril de 2018


Modificar o mundo e a vida-Roger Garaudy


...”Porque a conquista do poder por um partido, realizando nacionalizações, quaisquer que sejam as suas virtudes, se as massas não estão preparadas para as tarefas que essa mutação comporta, se elas delegam e alienam o seu poder em dirigentes que pensam e decidem em seu nome, não conduzirá a uma democracia socialista, a uma autodeterminação dos fins e a uma autogestão dos meios de produção; os dirigentes determinam os fins e julgam sobre a repartição da mais-valia.

Uma vez mais se confirmará a lei maldita: em todas as revoluções da história, em todas as lutas de classes entre a classe oprimida e a classe dominante, nunca a classe oprimida chegou ao poder.  A revolução terminou sempre pela subida ao poder  duma terceira classe: a longa luta dos escravos contra os seus senhores não resultou na vitória dos escravos, mas na instauração do feudalismo; a luta dos servos contra os senhores feudais não resultou na vitória dos servos, mas na da burguesia; a luta dos operários contra a burguesia não resultou na vitória dos operários, mas, na URSS, num poder monopolizado por um tecnoburocracia.

Os mais célebres romances chamados de antecipação, tais como “Admirável mundo novo”, de Huxley, ou 1984, de Orwell, não são de modo algum utopias criadoras do futuro: apenas evocam, por extrapolação, o que será o descaminho catastrófico do nosso mundo se continuarmos no impulso actual, quer dizer, sem que em momento algum intervenha uma escolha humana, uma decisão humana sobre os fins.”

Nota-O livro de que transcrevo estes parágrafos é de 1972, de Publicações D. Quixote.
Roger Garaudy foi membro da Comissão Política do PCF.


Amândio G. Martins


2 comentários:

  1. Esqueceu-se de mencionar o título do livro referenciado.

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  2. Deixei no "cabeçalho" o subtítulo, "Modificar o mundo e a vida"; mas faz sentido a sua observação: "A alternativa" é o título da obra.

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