quarta-feira, 18 de abril de 2018

Confiar em quem?


Bashar al-Assad é um facínora. Quando, de forma dinástica, ascendeu ao poder, chegou-se a pensar que a sua passagem por universidades britânicas viria a conferir-lhe uma orientação pró-democrática na governação herdada da Síria. Puro engano, confirmou-se que os déspotas só aprendem o que mais interessa ao reforço do seu poder absoluto. Uma vez que não pára de aniquilar os seus próprios compatriotas aos milhares, a comunidade internacional, “incomodada” com as imagens televisivas, entendeu intervir e acabar com a carnificina. Como? Fácil, pensou Trump: lançar, de uma distância confortável, umas dezenas de mísseis, que, além de “inteligentes”, fossem bonitos e novos, sem, contudo, molestar russos e iranianos “casualmente” presentes nos locais. Depois de, cautelosamente, avisar Putín e, por tabela, o próprio Assad, que assim pôde colocar a recato o povo que tanto “ama”, Trump, magnânimo, acedeu a compartilhar os louros da “valentia” com Theresa May e Macron, e não tardou que aparecesse Erdogan a aplaudir, com a colaborante complacência de Netanyahu. É nesta gente que vamos confiar?

8 comentários:

  1. Nem um bocadinho; até porque aquilo não teve nada a ver com "pena" pelas pessoas gaseadas, gente sofredora que Trump nem quer ver por perto. Entalado por todos os lados no seu país, aproveitou aquele pretexto para testar o arsenal e desviar atenções internas: um clássico...

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  2. Curioso que o José poupa a pior escumalha; os fanáticos terroristas islâmicos. E exagera, e muito, em relação a Assad. Que me conste, era dos países da região onde se vivia mais decentemente.

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    1. Caro Francisco,
      Está enganado, não poupo os terroristas. Não achei que fosse necessário nomeá-los, dado que são “fora-da-lei”. Quis-me referir aos que estão dentro da lei e, mais, são dirigentes nacionais “legítimos” (ou legitimados?).
      Não sinto que esteja a exagerar na apreciação que faço sobre Assad. Bastar-me-ia que, às suas mãos, ou às suas ordens, tivesse morrido uma só pessoa para o incriminar. Ora, já lá vão uns milhares, fora os refugiados, e não é possível atribuí-los todos à barbárie dos terroristas. Digamos que a presença destes terá sido muito útil a Assad para fazer “limpezas” no campo dos seus inimigos não-terroristas. Quanto à “boa vida” de antes da guerra, na Síria, não tenho muitas dúvidas, como, aliás, na Líbia. Mas, para o caso, não me interessa o que Assad (ou o pai) fez no passado, interessa-me o que tem vindo a fazer no presente.

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  3. Curioso, curioso, é um mail que recebi há cerca de 2 anos, em que um repórter espanhol, dá como dado adquirido, a extinção da Síria como Estado independente. É para dividir por três, dizia ele. Um naco para a América, pelo petróleo. Outro para a Rússia, pela importante base naval que ali possui. Outro para a Turquia, que assim resolve o problema com os curdos. Erdogan é um vivaço! Previsões de um "meteorologista" experimentadíssimo.
    E lá se vai o velho sonho sírio, de abocanhar o Líbano...

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  4. Voltei a ler o seu texto e o comentário. Não nos conhecemos pessoalmente, mas por aquilo que aqui tem escrito e pelas posições que tem tomado, se eu não tivesse lido o que agora escreveu, e se me tivessem contado, não acreditava. Tal foi a surpresa. A pior descrição sobre Bashar al- Assad que jamais vi/li. Nem Trump foi tão longe. Estamos de acordo apenas em duas coisas; se apenas uma só pessoa tivesse morrido às suas ordens, também eu o incriminaria, e a indignação pelos milhares de mortos e refugiados. Só que o Sr. José Rodrigues (hoje trato-o assim friamente por Senhor) aponta o dedo acusador a Assad, e eu aponto o meu aos que já fizeram o que fizeram, só para citar estes últimos dois casos, na Líbia e no Iraque, à Turquia, a Israel e aos terroristas fanáticos que já no Afeganistão apoiaram e agora voltaram a apoiar. Assad, chegou ao poder pelos métodos que descreve. É verdade! Diga-me outro, na região, que tivesse lá chegado por outros! Podia continuar mas não vale a pena. O Senhor com a informação que tem, tem essa posição, e eu tenho a minha.

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    1. Não me move qualquer intuito de o fazer mudar de ideias.
      Não estará recordado mas, na realidade, conhecemo-nos pessoalmente. Estivemos ambos presentes nos "Encontros" de leitores-escritores em Lisboa, em 2015 e 2017, onde ambos interviemos. Lembro-me até de que, no primeiro, trocámos particularmente umas palavras sobre um texto seu inserto n'Os Leitores Também Escrevem.
      Não me revejo na sua insinuação de que, com este meu texto, feri a coerência. Pelo contrário, sinto-me muito coerente.
      Não partilho a sua ideia de que Assad não é responsável por uma única morte de inocentes que seja.
      Não me limitei a apontar o dedo a Assad, fi-lo a todos os outros que nomeei.
      Cinco parágrafos a começar com a palavra Não. Não leve a mal.

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  5. Claro que não levo a mal! Aliás, esta ausência de arrogância e este pedido para que não leve a mal,coaduna-se com o amigo José Rodrigues. Peço desculpa pela minha lamentável memória. Veja lá! E logo duas vezes que estivemos juntos! Agora há uma coisa a esclarecer; se interpretou o que eu disse, e reitero, como uma insinuação, não foi, de todo, essa a minha intenção.Finalmente, penso que, deliberadamente, não. Agora se as suas forças no combate aos que classifica, e bem, de fora-da-lei, fizeram vítimas inocentes, infelizmente, claro que sim! Boa tarde, amigo José Rodrigues!

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