quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

NAMORISCANDO...

               ÀS AMIGAS TODAS QUE CULTIVEI

Ao longo do tempo fui percebendo, cada vez melhor, que as minhas amigas eram inteligentes, emotivas, fortes e fracas, sensíveis e frias, certinhas e incongruentes; nunca se enganavam e falhavam imenso; riam e choravam, às vezes em simultâneo; eram calmas e instáveis, doces e duras; perdoavam o “imperdoável” e não perdoavam às vezes as coisas mais banais; dedicavam-se às suas carreiras com muitas certezas e as maiores dúvidas nas certezas…
Vistas bem as coisas, e não contando o facto notório de serem infinitamente mais femininas, elegantes e lindas que os meus amigos, uma coisa é certa, as minhas amigas e os meus amigos são muito semelhantes:
Todos, mulheres e homens, queremos ser amados e estimados, respeitados e reconhecidos, conquistadores e conquistados!
Para todas vós, minhas encantadoras amigas, e em vós as mulheres todas do mundo, o mesmo respeito de sempre, neste tempo especial, com um poema que o meu conterrâneo António Feijó, diplomata e poeta, dedicou à sua amada, já lá vão para cima de cem anos:

Folhas mortas de outono ou de inverno precoce,
No teu regaço amigo, estes versos deponho,
Para que o teu amor lhes dê vida e remoce,
Porque a Arte começa e acaba num sonho…
É pouco; mas eu torno a homenagem mais bela,
Pondo, como uma flor, nas folhas sem aroma,
O verso em que Martial diz à Esposa Marcela:
Tu, tu só, para mim, vales mais do que Roma!


                                                Amândio G. Martins

4 comentários:

  1. Poema de uma beleza e profundidade extraordinárias. Parabéns !

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  2. António Feijó, senhor Tapadinhas, é mais um grande poeta português que poucos conhecem. Falecido em Estocolmo em 1917, um grupo de amigos, entre os quais se encontrava um conterrâneo ilustre, Norton de Matos, tudo fizeram para que o seu corpo viesse para Ponte de Lima, cumprindo assim aquele lancinante pedido que lhes havia formulado com esta quadra:Ó meus amigos, quando eu morrer/Levai meu corpo despedaçado/ Para que eu possa, já sem sofrer/ Dormir na Morte mais descansado.

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  3. Na verdade, tendo o poeta falecido em 1917 e em Estocolmo, não conhecia a sua obra, o que lamento. Possuo o livro "Os Poemas de Álvaro Feijó", seu sobrinho-neto, que faleceu com 24 anos, editado pela Portugália em 1941, que embora falecendo muito jovem, tal com José Duro e tantos outros, merecem que a sua poesia seja conhecida e divulgada. Só que os órgãos de comunicação social deixaram de estar interessados na cultura do povo, porque os responsáveis pensam que daí não resultam lucros pecuniários. É o mundo que temos, estúpido ou adormecido, mas que um dia há-se acordar.

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  4. Mas há autarquias que, se gastassem menos em obras de fachada para ganhar votos fáceis, podiam dispor de meios para manter vivos nomes importantes para as terras, recolhendo e fazendo editar obras esquecidas. Não está neste rol o eng. Daniel Campelo, que, enquanto autarca de Ponte de Lima, meteu ombros à edição das "Poesias Completas" de António Feijó, num trabalho coordenado pelo conterrâneo doutor J. Cândido Martins, professor da Universidade do Minho.Só que nem entrou no mercado, esgotando-se rapidamente nos eventos literários que a Câmara organiza periodicamente...

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