quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

O monstro interno


Em 28/2/2010, o conceituado jornalista António Freitas Cruz, no JN, escreveu um artigo de opinião com o título ‘O Monstro’, em que o OE e as suas untuosas gorduras eram os protagonistas. E escrevia a dado passo o autor: ‘seria interessante saber se o antigo presidente … ainda pensa que há vida para além do défice. E se o patriarca …, já agora, continua a excomungar os catastrofistas que lhe perturbam as bem-aventuranças nas fundações’.
E, de seguida a este introito, o referido jornalista convidava o leitor para umas contas por alto, a fim de vislumbrarmos qual seria e será a escapatória que faça frente à mantença glutona do monstro interno, que nos suga tudo que produzimos e o pouco que aforramos, deixando completamente exangue a sociedade que tem de o manter.
E como hoje - passados seis anos, tudo está na mesma, se não pior -, aqui vos dou conta de tal incontrolável despesismo interno: ‘é uma dúzia e meia de ministérios, ramificados por meia centena de secretarias de Estado, que tutelam centenas de direcções gerais, às quais se juntam assessores, secretárias, motoristas, milhares de ‘boys’ travestidos de consultores internos, externos e assim-assim, bem como outros muitos mais que nem ao diabo lembra.
E continuando, e antes das autarquias, desfila extenso cortejo de empresas públicas e para-públicas, fundações, institutos, comissões, reguladores, observatórios e fiscalizadores, que se hão-de juntar às fantasmagóricas parcerias público-privadas, não nos esquecendo de pareceres ‘isentos’ encomendados aos amigos de estimação clubista.
E neste cortejo de esbanjamento institucionalizado ainda reina o rei do forrobodó das mordomias, a começar nas despesas de representação, desembocando nas reformas principescas em duplicado ou triplicado, conseguidas em menos de meia dúzia de anos’.
Resumindo e continuando: ‘naquele tempo’, vindo a lume em Fevereiro de 2010, seriam ‘14 mil os organismos e p’raì três a quatro milhões de bocas a banquetearem-se na manjedoura do Estado’. E hoje, como é? O que se cortou, ou terá aumentado o monstro interno?
Assim, nunca mais nos endireitaremos, uma vez que temos um Estado vivendo e gastando como um nababo, baseado nas miseráveis tenças de um povo exausto e cada vez mais pobre.

José Amaral


4 comentários:

  1. Poderá ser deficiência minha, mas nunca consegui ver em Freitas Cruz um jornalista equilibrado e isento...

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  2. Talvez tenha razão, mas agora, no caso vertente, deu-me jeito.

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  3. É que eu lembro-me do Freitas Cruz nº 2 do grande Pacheco de Miranda, no Jn. Pelo meio foi director de uma coisa chamada Diário do Norte, nado morto; no tempo do cavaquismo, andou pela televisão do Estado, mas não me lembro de alguém o citar como exemplo de bom jornalismo... Julgo que o texto em que o senhor Amaral se apoia fazia parte de uma coluna semanal que ele ganhou no JN, quando andava pelo Porto aos caídos; deve ter "apelado" ao então director, que lhe facilitou aquele espaço, mas, sinceramente, a mim pareceu-me sempre um nojento panfleto de apoio acéfalo à Direita. Mas é o meu ponto de vista, como é bom de ver...

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  4. Amigo Górgias, de facto, fez-se-me luz na minha desmiolada carola tudo que agora me relatou, e bem. No entanto, como disse, eu tinha (e ainda tenho), já não sei porquê, o tal recorte do JN, que me serviu ao que acima escrevi.
    Um abraço amigo deste JA

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