Em 28/2/2010, o conceituado jornalista António Freitas Cruz,
no JN, escreveu um artigo de opinião com o título ‘O Monstro’, em que o OE e as
suas untuosas gorduras eram os protagonistas. E escrevia a dado passo o autor: ‘seria
interessante saber se o antigo presidente … ainda pensa que há vida para além
do défice. E se o patriarca …, já agora, continua a excomungar os
catastrofistas que lhe perturbam as bem-aventuranças nas fundações’.
E, de seguida a este introito, o referido jornalista
convidava o leitor para umas contas por alto, a fim de vislumbrarmos qual seria
e será a escapatória que faça frente à mantença glutona do monstro interno, que
nos suga tudo que produzimos e o pouco que aforramos, deixando completamente exangue
a sociedade que tem de o manter.
E como hoje - passados seis anos, tudo está na mesma, se não
pior -, aqui vos dou conta de tal incontrolável despesismo interno: ‘é uma
dúzia e meia de ministérios, ramificados por meia centena de secretarias de
Estado, que tutelam centenas de direcções gerais, às quais se juntam
assessores, secretárias, motoristas, milhares de ‘boys’ travestidos de
consultores internos, externos e assim-assim, bem como outros muitos mais que
nem ao diabo lembra.
E continuando, e antes das autarquias, desfila extenso
cortejo de empresas públicas e para-públicas, fundações, institutos, comissões,
reguladores, observatórios e fiscalizadores, que se hão-de juntar às fantasmagóricas
parcerias público-privadas, não nos esquecendo de pareceres ‘isentos’
encomendados aos amigos de estimação clubista.
E neste cortejo de esbanjamento institucionalizado ainda
reina o rei do forrobodó das mordomias, a começar nas despesas de
representação, desembocando nas reformas principescas em duplicado ou
triplicado, conseguidas em menos de meia dúzia de anos’.
Resumindo e continuando: ‘naquele tempo’, vindo a lume em
Fevereiro de 2010, seriam ‘14 mil os organismos e p’raì três a quatro milhões
de bocas a banquetearem-se na manjedoura do Estado’. E hoje, como é? O que se
cortou, ou terá aumentado o monstro interno?
Assim, nunca mais nos endireitaremos, uma vez que temos um
Estado vivendo e gastando como um nababo, baseado nas miseráveis tenças de um
povo exausto e cada vez mais pobre.
José Amaral
Poderá ser deficiência minha, mas nunca consegui ver em Freitas Cruz um jornalista equilibrado e isento...
ResponderEliminarTalvez tenha razão, mas agora, no caso vertente, deu-me jeito.
ResponderEliminarÉ que eu lembro-me do Freitas Cruz nº 2 do grande Pacheco de Miranda, no Jn. Pelo meio foi director de uma coisa chamada Diário do Norte, nado morto; no tempo do cavaquismo, andou pela televisão do Estado, mas não me lembro de alguém o citar como exemplo de bom jornalismo... Julgo que o texto em que o senhor Amaral se apoia fazia parte de uma coluna semanal que ele ganhou no JN, quando andava pelo Porto aos caídos; deve ter "apelado" ao então director, que lhe facilitou aquele espaço, mas, sinceramente, a mim pareceu-me sempre um nojento panfleto de apoio acéfalo à Direita. Mas é o meu ponto de vista, como é bom de ver...
ResponderEliminarAmigo Górgias, de facto, fez-se-me luz na minha desmiolada carola tudo que agora me relatou, e bem. No entanto, como disse, eu tinha (e ainda tenho), já não sei porquê, o tal recorte do JN, que me serviu ao que acima escrevi.
ResponderEliminarUm abraço amigo deste JA